Raphael Godoy é um poeta da
novíssima geração Monlevadense. Seu primeiro livro “Escritos Esparsos” foi um
mix de sentimentos e impressões sobre o mundo. O segundo que vai ser
lançado no 1º Festival de Inverno de João Monlevade, vem de uma interessante experiência de
sonetos diários publicados no blog “Um soneto por dia”. Raphael ousa brincar com um gênero popular em tempos passados, mas com novo enfoque, utilizando cadência, ritmo ,poder de concisão, mas com uma perspectiva pop, sem o rigor estético dos sonetos
tradicionais. Mas vamos à entrevista ...
O que te motivou a ser poeta? Quando é que você se descobriu poeta?
Acho que já nasci poeta, lembro que desde pequeno fui das letras. Foi
mais ou menos com 10 anos que comecei a escrever. Escrevia sobre tudo e sobre
todos, e já ensaiava alguns versos para as meninas da sala, mas não funcionava
muito bem (risos). Desde então, esta fase de escrever vem e volta, às vezes
ficava um tempo sem escrever, mas isto parecia me fazer mal e voltava a
escrever de novo. Mas, só assumi esta
veia poética este ano. Antes me intitulava escritor, mas, hoje, me considero
mais poeta.
Você lançou um livro que li e gostei bastante, o “ESCRITOS ESPARSOS”. Quais feedbacks obteve?
O Escritos foi um projeto bem experimental, uma coletânea de textos
e poemas que escrevi ao longo de quatro, cinco anos, mais ou menos e de repente
viraram livro. Eu gostei do feedback de algumas pessoas. É legal quando você
escreve uma coisa e alguém fala para você: “É exatamente assim que me sinto”.
Este tipo de reação é o que motiva continuar escrevendo, pois se sua arte não
toca as pessoas de alguma forma, ela não se justifica.
Você tem fetiche com o objeto livro ou se dá bem no ambiente virtual?
Acha que a internet tá matando o romance?
Eu prefiro ler no papel, sentir a folha, e ter o prazer de ao final
fechar o livro e voltar com ele para a estante. Mas, a internet é uma excelente
vitrine e nos dá um par de possibilidades para tudo. Não acho que a internet
esteja matando o romance, a internet é uma ferramenta apenas, um revólver não
mata, quem mata é quem atira. A própria sociedade tem matado o romance. A
procura pelo imediatismo, o prazer pelo prazer, querer se mostrar feliz o tempo
todo... como haverá de ter espaço para o romance? Rejeita-se todo sentimento
que incomoda e o substitui por alguma coisa qualquer. Antes, quando sentia-se
para baixo o indivíduo procurava conversar com alguém, falar de seus
sentimentos, hoje tira-se uma selfie e depois fica contando as curtidas para se
sentir melhor. Mas, o sentimento ainda está lá, ferindo, machucando e poucos
sabem lidar com isto.
Muitos dos seus sonetos pintam cenários, tem personagens exuberantes
(principalmente mulheres), contam histórias nem sempre politicamente corretas.
O Raphael poeta briga muito com o Raphael pessoa?
A gente já brigou mais, mas recentemente temos andado bem um com o
outro. Quando se escreve e, principalmente quando se escreve poesia, a gente se
expõe muito. Por mais que eu me aproveite de histórias, verdades e sentimentos de
outras pessoas, quem lê, acredita que aquele é o sentimento do Raphael e não
daquele personagem inventado para escrever aquele soneto. Então, chega uma altura
que eu tive que escolher, ou eu escrevia para agradar a mim e as pessoas que comungam dos mesmos valores e
histórias que eu, ou escrevia para tocar cada vez mais pessoas. Eu escolhi a
segunda opção.
Já as mulheres, são uma inspiração a parte. Mas, não tem como não ser.
Hoje há tanto debate sobre feminismo, sobre o papel da mulher na sociedade, que
se esquece que elas são o ser mais incrível que Deus fez. Imagine você sendo
Adão, com tantos animais maravilhosos, paisagens naturais indescritíveis e então
Deus faz a mulher e lhe entrega. Qual foi a sua reação? A de Adão foi dizer
apenas uma frase: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Imagino
que nesta hora Deus criou também a poesia, a música, o prazer. Havia ali,
reverência, respeito, admiração, um amor inacreditável que a colocava como
igual, como parte dele. E hoje, o que vemos é o que mais de abominável há no
homem que é a violência contra a mulher, seja física, verbal ou emocional e
esquece-se do principal que é esta primeira emoção, esta sensação de que ainda
bem que Deus fez a mulher. E meus sonetos falam muito disto. Do poder feminino
e do encanto que as mais diferentes belezas causam em nós homens.
Porque você escolheu os sonetos?
Eu escolhi os sonetos por acreditar que eles sejam uma tradução dos
tempos atuais. Onde tudo tem que ser muito rápido, imediato. Conto estórias em
sonetos que poderiam ser desenroladas em crônicas, contos e até romances, mas
confiro eles a velocidade dos nossos dias. Não dá nem tempo de se apaixonar por
um personagem e o desfecho da estória já está no verso seguinte. Além desta
familiaridade com o que temos vivido, o soneto é um desafio para quem o
escreve, 14 versos são muito pouco, então precisamos escolher bem as palavras,
colocar ritmo e sentido em cada uma delas para que o resultado fique bom.
Você além de escritor é um profissional de marketing. Até onde a lente
do marketing acrescenta à sua poesia?
Tenho uma linha que o Marketing deve ter como foco principal a
satisfação do cliente para criar uma rede de promotores cada vez mais
consistente e garantir a sustentabilidade do negócio, e levo isto para o meu
negócio de Literatura. Procuro entregar textos que sejam relevantes e de
maneira que eu agrade as pessoas e elas digam a seus amigos: Olha que legal
isto. E a internet viabiliza muito esta criação de rede de promotores. Hoje
minha página no facebook possui mais de 2.500 fãs, dos quais não devo conhecer
5%. Ainda é pouco se comparado ao universo de pessoas que estão nas redes
sociais, mas, já é um passo.
Esse livro que você vai lançar, vem sendo escrito religiosamente, todos
os dias da semana no blog “Um Soneto
Por Dia”. Tive oportunidade de ler
vários sonetos, muitos deles inspiradíssimos. Como é que surgiu essa ideia de
livro interagindo com blog, um alimentando o outro?
A ideia do blog "Um Soneto Por Dia" surgiu no final do mês de janeiro,
quando encontrei alguns sonetos que havia escrito e não havia publicado e me
desafiei a fazer um soneto por dia,. Passados alguns dias, tinha material para
um mês de postagem, e então comecei a publicar e a escrever todo dia, pelo
menos, um soneto. Tem dia que não sai nada de bom, mas tem dia que consigo dois
muito bons.
Hoje já são quase 150 textos e não tenho pretensão de parar. Já o
livro, surgiu de uma conversa com a Carla Lisboa, que inclusive me ajudou com o
lançamento do primeiro Livro, sobre o festival de inverno. Conversávamos sobre
a programação e veio um estalo, porque não aproveitar o festival e lançar uma
edição especial com os 100 primeiros dias do blog? Fizemos algumas pesquisas,
ela montou a arte da capa do livro e quando fui ver já estava enviando o
material para a gráfica, tudo em menos de uma semana. Devido ao custo da
produção dos livros, optei por fazer uma edição limitada em uma editora
especializada em pequenas edições, com os 100 primeiros.
O que vai ter no lançamento que vai acontecer durante o 1º FESTIVAL DE
INVERNO DE JOÃO MONLEVADE?
Estamos definindo os detalhes ainda, mas falarei um pouco do processo
de criação dos sonetos, teremos algumas leituras e meu irmão, Thales Godoy,
está transformando alguns destes sonetos em músicas e ao final do evento
teremos a sessão de autógrafos. Os exemplares poderão ser adquiridos no dia do
lançamento, em outros eventos que participarei e pela minha página no facebook.
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