sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O FUTURO DA MÚSICA

Além de todos os problemas decorrentes da baixíssima curiosidade intelectual, da crescente alienação das massas, da quase eliminação da cultura da ordem do dia, da falta de interesse por conteúdos de relevância e de uma quase marginalização da arte, pelo seu viés questionador e reflexivo, temos um inimigo ainda mais poderoso. Assistimos a cada dia ao avanço das tecnologias, que substituem e tornam o homem obsoleto nos mais diversos setores.
O Jornalismo mudou radicalmente, assim como a publicidade. A advocacia vem sendo impactada, a medicina, a engenharia, a educação, tudo num processo de constante transformação e autofagia.
Os mais otimistas acham tudo maravilhoso e tratam de tirar o máximo das parafernálias da moda. Há quem diga que sempre foi assim, que a pólvora aposentou a espada, assim como a lâmpada aposentou a lamparina e por aí vai. O mercado de querosene caiu e os ferreiros que fabricavam espadas tiveram de mudar de ramo ou fabricar ferraduras.
Com relação à música, houve um tempo em que era tudo analógico, tudo no muque, sem metrônomo nem nada. Música humana, sem firulas.
Mas aí começaram a aparecer os teclados eletrônicos. Tivemos a oportunidade de acompanhar a evolução dos samplers, das baterias eletrônicas, dos teclados e pedais maravilhosos que turbinavam o som.
Depois vieram os softwares de edição, que nos permitiram transformar nossos computadores em "home studios" com relativa qualidade.
Só que até então o poder estava nas mãos do ser humano. O homem ainda era necessário para criar e programar os sons.
Mas aí chega uma notícia chocante: já existem computadores baseados na Inteligência Artificial que compõem músicas. São alimentados com conhecimentos quase infinitos, com sons de todos os tempos e timbres, com programação de algoritmos e sei lá mais o que criando, músicas para diversas finalidades.
É com isso que nós músicos e compositores humanos já estamos concorrendo. As máquinas já estão criando sinfonias funcionais e industriais. Músicas pra acordar, pra comer,  caminhar, malhar, transar, trabalhar, pra acelerar o trabalho, pra colheita no campo, cavalgadas, guerras, todas as ações e sentimentos humanos similares.
Essas músicas são executadas por programas que transformam a criação em sons utilizando samplers com todos os sons analógicos e sintéticos produzidos pelo homem.  
Atenção: não é ficção. É realidade! Quem quiser pode pesquisar na internet e conhecer algumas composições feitas por IA. Algumas não são muito diferentes das coleções de trilhas disponíveis por aí. Mas tem até jazz e composições clássicas com  qualidade relativa. 
Podemos até concorrer com os computadores ao oferecermos músicas orgânicas, puras, feitas em nossos cérebros cheios de imperfeições, verdadeiras quitandas.  Será como oferecer verduras e frutas orgânicas, sem agrotóxicos ou aditivos. 
Os pessimistas acham que com a IA a humanidade vai ficar obsoleta e pode até ser eliminada pela criatura. Os otimistas acham que a IA  vai ajudar a aprimorar a humanidade. Nós humanos  aprendemos com a natureza. As máquinas aprendem conosco.
Se terão lealdade ou piedade, só o tempo dirá.
Se der errado, vamos ver se alguém lembrou de criar um botão de on/off.