quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

APOCALIPSE CULTURAL


A tecnologia vem passando o rodo e mudando tudo na vida cotidiana e não seria diferente com a arte. A cultura como conhecíamos não existe mais. Virou outra coisa, desmaterializou-se, virou nuvem...

NOVILÍNGUA

Os novos tempos carregam um forte elogio à ignorância. A simplicidade tornou-se virtude hipervalorizada . As pessoas consomem mensagens a cada dia mais reduzidas. Muitos só lêem as fotos e legendas ( daí o sucesso do instagram). As pessoas passaram a ter preguiça de textos maiores, vídeos maiores, conteúdos densos. Há um certo enfastio da profundidade.

PIRATARIA SEM CONTROLE

Hoje em dia, com a facilidade de se copiar e colar qualquer coisa, como ganhar dinheiro? Se você compartilha, caiu na rede, não é seu mais. Temos templates de quase tudo e está só piorando.  Direitos autorais sobre fotos? Sobre música? Sobre textos? Esqueça! Se tiver dinheiro pra contratar advogados, vá em frente...



FIM DA MATERIALIDADE

De repente ficou tudo fluido, comprimido, evanescente. Quem consumia música há algumas décadas precisava de LPs, K7s, Mds, Cds, pendriveS. E hoje tá tudo na nuvem descomunal. Você paga um tikim e tem um tantão...quase um infinito de músicas e outros conteúdos.

TEM O LADO BOM

Tem quem defenda que os artistas nunca tiveram um meio tão democrático para atingir seus fãs. É só ter um canal no youtube, um facebook da hora, instagram com belas fotos e pá: tá resolvido.  Mas como conseguir audiência no meio de um barulho desses?

DÁ PRA GANHAR DINHEIRO COM MÚSICA?

Antes alguns artistas faturavam com direitos autorais. O ECAD arrecadava na execução em rádios e tvs, nos eventos, nos bares.  Havia a perversidade dos jabás. Hoje, nem isso tem mais. A internet vem mordendo o bolo das rádios continuamente e parece ser um caminho sem volta. Num cenário como este, poucos ganham com direitos autorais. A saída para os músicos é tocar ao vivo, vender shows. Mas como vender se a banda não for famosa?

DITADURA DO COVER

E pra completar o elenco de notícias cabulosas para a nova música, temos essa covermania. Os donos de bares não querem saber de artistas autorais, considerados chatos e alternativos. E dá-lhe bandas imitações tocando o set de alguma banda. E com isso, não há renovação. Nas artes práticas, as cópias ( artesanato) costumam dar mais lucro que os originais.

E COMO FICAM OS AUTORAIS?

Terão de cavar novos veios, procurar novos espaços de fruição e monetização do trabalho. Alguém vai querer pagar por originalidade. Por enquanto a situação está nebulosa. Mas tem gente por aí se dando bem. Tem gente ganhando dinheiro no spotfy, até mesmo no youtube.

SÓ O PROFISSIONALISMO PRA SALVAR...

Reclamar não adianta. Qualquer parceria precisa passar firmeza. Os artistas e seus empresários precisam se profissionalizar e somar no esforço de levar público, o que será bom pra quem contrata e para o contratado. Muitas bandas vão lá, levam um lero com o dono e esperam que as casas façam tudo e inclusive levem público.  E na hora do show, tocam como se estivessem nos ensaios, mal olham pra cara da platéia, não se comunicam, não oferecem uma experiência positiva. Muito pelo contrário: olham pro nada, não fazem questão de interagir, de causar algum impacto ou emoção. Alguns dizem que tocam pra agradar a eles mesmos. Bom, creio que para masturbação o palco não seja um espaço adequado.

A DIREITA NÃO TEM DISCURSO PARA A CULTURA

Eu vejo algumas pessoas xingando os artistas, que em sua maioria, nutrem simpatia pela esquerda. Isso é fácil de explicar.  Não se vê a direita abraçando nada em termos culturais. Nem a turma tucana. Enquanto isso, a esquerda abraça. Para a direita, a arte é um devaneio, coisa de cigarras num mundo de formigas.