quinta-feira, 21 de julho de 2016

A CULTURA NA POLÍTICA E A POLÍTICA DA CULTURA

A Coluna MEDIOPIRA faz um apelo aos agentes culturais do Médio Piracicaba. Quando forem escolher seus candidatos a vereadores ou prefeitos, que tal refletirem se esses candidatos tem histórico, visão e futuro cultural? Que tal questionarem o que os nossos futuros homens públicos pretendem para a cultura? Será que terão sensibilidade para levarem adiante os projetos relevantes?Será que vão aniquilar bons projetos só por que tiveram destaque na administração anterior? Será que vão mesmo utilizar os orçamentos em favor dos artistas ou promoverão cortes sistemáticos em cima do que já é pouco? Digo isso por que quando os homens públicos tem de apertar os cintos, a primeira área a ser cortada é a cultura, considerada por muitos como não prioritária, patinho feio da maioria das administrações. Vale também dar uma olhada nos planos de governo dos candidatos. Sugiro aos agentes culturais da MEDIOPIRA que cheguem junto, que colaborem, que ajudem na elaboração dos planos de governo. Pode ser até que os executivos municipais não cumpram depois, mas pelo menos haverá alguma meta projetada, que pode ser apenas letra morta colocada pelos marqueteiros, mas que pelo menos poderá ser cobrada na eleição seguinte. Quem sabe propor aos candidatos que assinem um compromisso público quando às propostas para a área cultural? Outra coisa é conseguir saber desde já dos candidatos quem é que eles pretendem nomear como secretários de cultura ou presidentes das fundações municipais de cultura.Quase sempre utilizam os cargos para comportar companheiros que ajudaram nas campanhas ou mesmo vereadores não eleitos. Ai, meus amigos, não tem nada que dê jeito. Vão ser 4 anos só de sertanejo e massagada. Aliás, essa confusão que se faz entre arte, cultura e entretenimento faz um estrago danado. Em muitas cidades, o orçamento é consumido quase que inteiramente com eventos agropecuários, sobrando migalhas pra fazer cultura de verdade. Tudo bem. Tem de ter festa também, pois o povão mesmo, o eleitor, aquele que garante os mandatos não quer saber de cultura. Quer festa, cervejada e paquera. Mas se você for pensar na lata mesmo, o povo também não quer saber de educação. Quer mais levar a vida na maciota, sem pensar demais, sem aprofundamentos. Deveríamos então dar menos atenção pra educação? É claro que não! Um povo precisa de conhecimentos, de bons conteúdos para desenvolver o senso crítico, compreender o mundo e fazer a diferença. E pra isso meus amigos, nada melhor que arte e a cultura. Outro desafio que lhes faço: observem os vereadores das duas cidades. Quais deles tem perspectiva cultural? Qual deles fez algum projeto na área cultural em seus 4 anos de mandato? Que tal votarem em candidatos que levem a cultura pra dentro da câmara dos vereadores, que já tenham uma história e apreço pelo setor e que tenham disposição de desenvolver projetos que garantam sustentabilidade para as boas ações culturais da cidade? Por isso, nas próximas eleições quero deixar esse desafio para vocês. VOTEM NA CULTURA
!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

CULTURA SAFADONA

COMO MEDIR O SUCESSO DE UM EVENTO?

Existem vários parâmetros. A primeira  vista a medida é o público. Quanto tá lotado, as pessoas dizem que bombou. A segunda é se deu lucro. As pessoas dizem entusiasmadas: fulano de tal arrebentou de ganhar dinheiro( para o pessoal da cultura, quando não dá prejuízo já se considera lucro). A terceira é se atendeu aos objetivos  terciários, que seria apresentar um conteúdo  relevante, espetáculos de qualidade e deixar um gostinho de quero mais, projetando um futuro para o evento.

ONDE SE ENQUADRA O FESTIVAL DE INVERNO DE JOÃO MONLEVADE

O Festival de Inverno de Monlevade fez uma inversão de valores. Preocupou-se mais com a parte de conteúdos, com a riqueza da programação, apesar da falta de recursos. Se agiu correto ou não, eu não sei responder. No entanto, de uma coisa eu tenho certeza: o mundo é dos que fazem. A turma pegou no peito e na raça e fez. Se não conseguiu sensibilizar o empresariado de forma a comprar  a ideia,  imagino que houve um aprendizado precioso para as próximas  edições. Eu diria que o Festival de Inverno de Monlevade foi a semeança. Muitas sementes plantadas. A colheita vai depender do cuidado que os agentes artísticos culturais  tiverem com as sementes.

CULTURA X ENTRETENIMENTO

Algumas pessoas me disseram inbox que faltou mais entretenimento, inclusão de gêneros populares como sertanejo e funk. Não  existe uma fórmula de bolo. Só acho que eventos populares de entretenimento já tem demais. Só de cavalgadas e festas do rodeio temos trocentas. Os Festivais de Inverno na maioria das cidades onde sobrevivem tem perspectiva mais cultural e intelectual. O objetivo é  proporcionar  uma programação alternativa, levar as pessoas um menu diferenciado, instigar a curiosidade intelectual

CULTURA SAFADONA

Wesley Safadão levou milhares de pessoas ao Areão. O público de um show apenas foi maior do que em 18 dias do Festival de Inverno. E o que isso quer dizer? Que o Festival de Inverno foi um fracasso? De jeito nenhum. A evasão de público nos eventos culturais não diz respeito apenas ao Festival de Inverno. As pessoas parecem ter essa tendência de seguir as celebridades como quem vai ao encontro de um santo. Esses shows são verdadeiras celebrações e as pessoas parecem encontrar conforto quase espiritual misturando-se as multidões.

O MITO DA FORMAÇÃO DE PÚBLICO

Já vi muita gente falando que o que falta é formação de público. Ai fico pensando comigo: como é isso? Ensinar o público a curtir determinada arte ou estilo? Imagine até que já existam estudos sobre isso. Conseguir atrair as pessoas para os espetáculos de perspectiva artística. Quem sabe se anunciar um festival de nudes no palco? Quem sabe um sorteio de beijos? Agora...formar público...criar hábitos, fomentar a curiosidade intelectual é tarefa hercúlea.

CABE UM SEMINÁRIO?

É claro que sim. Uma ideia até para o 7 faces. Um seminário sobre arte e cultura, discutindo os temas mediante os desafios da internet e do empobrecimento das percepções nos últimos anos. Debater os caminhos da arte.

SEM DINHEIRO FICA DIFÍCIL...PRA NÃO DIZER IMPOSSÍVEL

Por mais que a turma do 7 faces consiga fazer as coisas no sistema colaborativo, sem investimento por parte das empresas, sem apoio, fica difícil. Em minha opinião, o poder público podia investir um pouco mais, abraçar as causas culturais da cidade. Limpar a praça e o palco para o Dia da Música já seria um bom começo. Não foi bonita a cena do palco todo pichado, com os banheiros sujos, tudo abandonado. O adiamento do Grito do Rock não foi legal também, pela expectativa gerada pra tantas bandas. Mas antes juízo do que prejuízo. Tomara que para os próximos anos, as universidades instaladas resolvam abraçar, como acontece em São João Del Rey e Ouro Preto. Itabira e São Gonçalo também. Uma das coisas mais charmosas desses festivais de inverno é a participação das faculdades, do corpo docente e dos alunos. Mas...tudo é aprendizado, O negócio é não desanimar e sim evoluir...

AGRADECIMENTO

Agradeço à Carla Lisboa pela oportunidade de participar de alguma forma do FESTIVAL DE INVERNO. Sei que minha participação foi pequena, quase microscópica. Mas fiquei feliz por que acredito muito no FESTIVAL DE INVERNO DE MONLEVADE e no trabalho abnegado do pessoal do 7 Faces. Merda pra essa turma abnegada...

SEGUNDO SEMESTRE QUENTE EM ALVINÓPOLIS

Neste final de semana vai acontecer em Alvinópolis o primeiro FESTIVAL CULTURAL, um evento quase todo feito em casa, com muitos artistas locais ( ô lugar pra ter artista). Também vai ter um show muito especial com No finalzinho de Julho(29, 30 e 31) vai ter o Festival de Música – Edição Local. Também só com compositores e intérpretes da cidade. Em Agosto vai rolar o 1º Comida de Boteco promovido pela ACIA e no inicio de outubro (07,08 e 09) vai ter o 36º FESTIVAL DA MÚSICA DE ALVINÓPOLIS – Edição Nacional.

E NA PRÓXIMA ENTREVISTA...

Vamos conversar com uma figura importantíssima na música da região, um músico estratosférico, que faz um trabalho bastante original e que difunde conhecimento musical para uma galera imensa. Já sabem de quem se trata?

sexta-feira, 1 de julho de 2016

POUCA ROUPA, MUITO AMOR!

Como diz o meu amigo Dindão, só sobrevivem as coisas feitas com o coração. Ele tá certo. O Alvinopolense Futebol Clube de Alvinópolis está fazendo 100 anos de glórias e é um clube movido apenas pelos corações de seus apaixonados torcedores. O Alvinegro na verdade nasceu branco, mas fez-se negro pelo talento. Foi a instituição que contribuiu para aproximar brancos e negros, numa relação respeitosa de mútua admiração. Os brancos tiveram de tirar os chapéus para a criatividade, para a habilidade dos negros no trato com a bola. E claro, se misturaram também, gerando um povo moreno, saudável e muito orgulhoso de sua cultura. Podemos dizer com alegria que em Alvinópolis quase inexiste preconceito e que foi o Alvinopolense um dos fatores responsáveis por isso. O AFC nunca teve renda, a não ser dos colaboradores que muitas vezes não tinham dinheiro nem para comprar uniformes. Daí o apelido dado pela torcida aniversária, de "pouca roupa", de clube pobre que não tinha dinheiro pra nada. Mas quando a pelota rolava a história era outra. O Pouca Roupa nunca se intimidou com adversário. Ironicamente nos últimos anos as indústrias cortaram investimentos no esporte e o feitiço virou contra o feiticeiro. Muitos clubes tiveram dificuldades sem o suporte financeiro de antes.Mas o Pouca Roupa sobreviveu e não está prosa. Seu clube social é amplo e muito bem estruturado, recebendo os melhores bailes e shows do estado e do país. O estádio do alvinopolense fica na Vila Manuel Puig, bairro mais populoso e que abriga a maior parte da comunidade afro da cidade, berço do samba e de gente trabalhadora, que cresceu muito nos últimos anos. Quando fecho os olhos, me vem imagens marcantes do baile com 3 do Rio, dos carnavais e horas dançantes com os Heltons, Morcegos ou Magnus Som de Bela Vista de Minas. Vejo ainda as figuras de Tuôla, de Terezão ,de Jujuca, Clebinha, do Carnavalesco Aurélio, do João Carlos de Souza Carvalho, do folclórico jogo 3x1, que teve muita catimba, e até ameaça de morte ao artilheiro, dos maravilhosos carnavais, da furiosa tocando bambas do gaspar e levando a multidão ao delírio. Parabéns, Pouca Roupa. Hoje o Alvinopolense completa 100 anos. Amanhã haverá o baile comemorativo no salão do clube. Durante o ano, ainda acontecerão várias atividades comemorativas do centenário. Que a atual geração e a futura saibam reconhecer a importância desse clube que já faz parte do DNA Alvinópolense.