sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O APOCALIPSE DO ROCK

Essa semana surpreendeu o mundo a notícia sobre a terrível situação financeira da Gibson. A meninada simplesmente parou de comprar guitarras. E o que isso significa? Que o rock está agonizando mesmo. Vive do passado.

Mas o que aconteceu?

Fábio Elias ( do meio) - BANDA RELESPÚBLICA
Reproduzo aqui um texto do roqueiro curitibano Fábio Elias, que fez sucesso nos anos 80/90 com sua banda RELESPÚBLICA. " O rock parou de contestar a sociedade, suas regras e desviou do caminho da liberdade de expressão e de indignar-se, provocando a esperada mudança de comportamento. Não tem mais peso no discurso revolucionário e transformador. Ficou preso nele mesmo e nos seus próprios clichês, virou pastiche e mais do mesmo. Kurt Cobain foi a última voz rebelde, mas tirou a própria vida, desiludido e acovardado diante dos seus sonhos e problemas. O jovem não se identifica mais com esse estilo de vida. Hoje um garoto de 15 anos não sonha mais em mudar o mundo com uma guitarra e uma letra gritando com o coração na boca e sim com um celular na mão e um milhão de seguidores sem sair de casa. O movimento dos inconformados que vinha das ruas deu espaço para a comodidade virtual do bom mocismo conformado e inerte da droga viciante da internet. Não se vê mais tribos urbanas espalhadas pela urbe, cada vez mais abandonada e sem agitação. Ninguém se encontra pra trocar ideias e ideais. A luta agora é por defesa de opiniões individuais e sem unidade. E o Rock não fala disso. Fala de liberdade, com jovens buscando espaço para serem vistos e ouvidos como agentes transformadores, clamando por um mundo sem as divisões, barreiras e convenções tão comuns nos dias de hoje. Falta coragem e ímpeto nos corações e mentes dessa geração. Posso soar como um idiota que não viu que o mundo mudou, mas não era esse o mundo que eu sonhei encontrar. Acho que a culpa é da minha geração que não sabia onde estava nem onde ia chegar. Demos um tiro na boca e calamos nossa voz. Que tiro foi esse?"

Freud explica

Penso que existe uma razão sexual também. Muitos, mas muitos músicos mesmo entravam nas bandas pra pegar as meninas da época. O guitarrista empunhava sua guitarra como se fosse um orgão sexual em riste e se exibia pras moçoilas e não raramente conseguiam seu intento. Havia um fetiche e uma fantasia vida louca que atraia e conferia realmente um "sex appeal" aos guitarristas.

 Guitarristas de hoje

Salvo raríssimas exceções, tem de se conformar em ser coadjuvantes em bandas sertanejas. Até o axé tá meio fora de moda.

O negócio hoje é ser MC

Os heróis da música hoje são os MCs. Rapidamente conseguem centenas de milhares de seguidores. Os caras não precisam saber tocar nada. Precisam de um boné bacana, umas tatuagens misturando romantismo e profanação de símbolos e preferencialmente, serem magros, esquálidos mas com barriga tanquinho. E pra cantar, músicas que repetem mais ou menos as mesmas frases: "e quica, e quica, vai descendo até o chão, ousando com algumas pimentas de obscenidades.
 E as guitarras?

Daqui a pouco chegarão no patamar dos violinos, instrumentos exóticos para algumas funcionalidades. E o rock, vai figurar entre os ritmos que já foram preponderantes mas caíram no desuso, como o bolero, o tango, a valsa, o foxtrot, a salsa, o fricote, as marchinhas...

 Véi também é gente

Existe uma geração inteira que ainda ama o velho e bom rock and roll. Por isso é que haverá sobrevida. Nós que somos "véios" continuaremos fazendo e promovendo o rock. Quem sabe não consigamos acordá-lo da quase morte?

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A DURA REALIDADE DA MÚSICA BRASILEIRA

A cultura brasileira borbulhou durante o carnaval, mas e agora? O que teremos pela frente?
SAMBA VAI SAINDO DE CENA DEVAGARINHO
Durante o carnaval, o gênero que mais identifica o Brasil no exterior voltou a reinar. Durante uns 15 dias as escolas ensinaram samba e desfilaram orgulhosas, celebrando a glória centenária desse estilo que tem raízes africanas e temperos tão brasileiros. Mas depois do carnaval, sai de cena e fica mais nos guetos.
SERTANEJO VOLTA A IMPERAR
Passada a folia, silenciados os tambores, volta a sofrência nossa de cada dia. O gênero sertanejo vem ocupando todos os espaços entre as músicas mais executadas no pais, com pouca possibilidade de mudança nessa tendência no curto prazo.
FUNK EM SEGUNDO LUGAR
O Batidão promete ser o único gênero a arranhar a supremacia sertaneja. Anitta lançando um clip por mês vai vitaminando o mundo funk. Embora que Anitta investe em outras batidas latinas, como o Reggaton por exemplo. Mas a produção em série, o mercado dos funks é gigantesco. Outros heróis como Toddynho aparecendo...
ROCK NO UNDERGROUND
Parece que a roqueirada nova prefere permanecer no underground. Não vemos tentativas de erigir hits. Sabe aquelas músicas grudentas, com refrões pegajosos e letras pequenas? Sabe aquela irreverência de outros tempos? Sei lá. O rock ficou triste, depressivo, sem apetite pop. Sobrevive dos covers das bandas do passado.
MPB VOLTANDO COM FORÇA?
Venho lendo ultimamente algumas previsões otimistas sobre a MPB. Há quem diga que deve voltar com força pois a juventude está mais reflexiva e exigente quanto aos conteúdos. Será? Tomara. Estamos mesmo precisando de sustância, de um pouco mais de poesia no cotidiano.
MEU CORAÇÃO NÃO SE CANSA DE TER ESPERANÇAS
Há pouco tempo tive acesso a uma pesquisa de opinião que me jogou na lona. Foi uma pesquisa política feita na região do médio piracicaba. Nessa pesquisa entre várias, foi feita uma pergunta simples: qual você acha ser o assunto que merece mais atenção por parte dos administradores municipais? E a cultura recebeu 1% dos votos. Ficou em último lugar. Mas querem saber de uma coisa? Fazer com que a arte e a cultura passem a ser percebidos como ativos importantes para a nossa gente, depende principalmente da disposição dos agentes culturais, dos artistas e simpatizantes. Precisamos aprender a botar banca, a nos unirmos em torno das afinidades. Por exemplo: a cultura não consegue fazer um vereador, um deputado que seja. Você se lembra de algum político que se elegeu tendo a cultura como bandeira? Pois é. Falta uma coisa chamada representatividade. Mas tá sempre em tempo.  Bora fazer barulho?  

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O CARNAVAL E O VALE-LOUCURA


O melhor do carnaval é que gente tem licença pra ser louco. É sério! A gente ganha um vale-loucura pra usar por 4 dias. Aproveite o seu. Hoje tô mais pacato, mas já fiz algumas estrIpulias. Certa vez me vesti de juiz de futebol. Fantasia de autoridade? Pode ser! Freud explica, mas não cabe. Arrumei um apito bacana, uma roupa preta e um monte de cartões: vermelho, amarelo, verde, azul e branco. Sai expulsando um monte de gente. Claro, muito bêbado pra amortecer o vexame. Mas... vexame por que? No carnaval tudo pode. Também já me fantasiei de árabe. Bem clichê. Mas acabou que vários tiveram a mesma ideia e rolou uma comunidade no clube que se juntava pra beber e fazer bagunça. Pena que só tinha homens. As 12 virgens deviam esperar no paraíso. 
Já vi neguim fazendo cada coisa. Fiquei surpreso quando vi doutor e gerente autoritário rebolando na boquinha da garrafa. Não esperava tamanha transgressão. Mas no carnaval pode! Tem muita gente que aproveita pra sair do armário também. Sabem como é que é né? Vestem-se de mulheres e se sentem tão à vontade que a roupa acaba colando. Outros gostam do teatro mesmo, de brincar com os papéis. Antigamente o pessoal se fantasiava mais. Jamais me esquecerei de um sujeito que ficava hospedado na casa do meu avô. Ele fantasiou-se de astronauta. Não sei como conseguiu uma fantasia tão perfeita. Só que em suas costas não havia tubos de oxigênio como nos filmes. Havia é cachaça...e saia um canudinho ligado ao seu capacete onde ele ia se abastecendo no meio dos blocos. Muitos vinham pegar um pouco de oxigênio com ele. Depois lembro-me também de pessoas que viravam drags e escandalizavam. Não buscavam a exuberância das drags atuais, mas o ridículo. Usavam decotes cavadíssimos e tanguinhas minúsculas. De vez em quando levantavam as saias e mostravam o que não deviam. Mas é carnaval. Tudo pode.
 Antigamente o lance perfume era liberado. E a turma que não tinha grana pra comprar fazia seus lolós. As meninas desfaleciam e aproveitavam pra beijar e beijar e beijar sem discriminar bocas. Além do vale-loucura, o carnaval tem a cultura. Tem a música exuberante, os ritmos de cada época, as memórias de tantos folias, romances e loucuras. Tem as escolas de samba, que trazem sempre temas atuais ou homenageiam a história. 
Tem as baterias e batucadas, com suas pulsações, corações sincronizados no compasso do maestro. Tem os blocos, onde pessoas se reúnem por tesões compartilhados, pelo desejo de se agregar nas afinidades sonoras ou estéticas. Tem a democracia, do carnaval em todos os gêneros, seja com marchinhas, sambas, axé, rock, jazz, beatles, sertanejo. Vale tudo. Tem toda uma industria e uma economia, quando artistas, bares, restaurantes e ambulantes tem como faturar seu ganha pão. E tem o maravilhoso vale-loucura, a permissão pra pirar, beber de cair, beijar muito, viver as fantasias e ser feliz sem limites. E você? Qual é a sua fantasia?



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A MARAVILHOSA MÚSICA DO MÉDIO PIRACICABA...

Podemos nos orgulhar da excelente música produzida no Médio Piracicaba. São inúmeros talentos em diversas cidades.

 ITABIRA

Maíra Baldaia
A cantora e compositora Maíra Baldaia é luxo só. Vem levando seu "POENTE E OUTRAS PAISAGENS" aos  palcos de Minas, ao Rio, à Europa e vem sendo elogiada pela crítica e muito bem recebida pela mídia.  Ah...ganhou prêmio de melhor intérprete no Festival da Música em Alvinópolis também. Seu primeiro CD não é apenas uma coletânea de músicas.  Tem unidade sonora e poética.  
Jesus Henrique
Gosto  também do rock bem humorado do Rivotril, do trabalho muito bacana de percussão dos Meninos de Minas, das experimentações do Igor Venal, do Nosso Fulcro , da qualidade do Jesus Henrique, juntamente com Marçal Filho, Luis Bira e outros, guardiões e perpetuadores da obra do grande Nilton Baiandeira. Esses dias ouvi um trabalho  muito promissor também, de um Grupo Vocal chamado Meninar.  É muita exuberância...

JOÃO MONLEVADE

Romulo Rás.
Monlevade tem músicos muito bons que estão sempre se apresentando na região. Dou o maior valor àqueles que defendem seu pão munidos apenas dos seus violões. Do tipo "Eu, meu violão e Deus contra o mundo". Por isso sou muito fã de Rômulo Rás, João Roberto, Ronivaldo, Mike Santos. Ricardo Monlevade e Eustáquio Ambrósio também fazem o fino da música com seus teclados encantados. Tem também o Samba na Sola, no esquema violão, pandeiro e sambadubom. Mas também tem a turma do SOULDUSAMBA, Banda Agá e Segunda Opção, excelentes no entretenimento. E tem ainda as bandas UMBIGO, Banda Dirock e DEZARM. No Sertanejo tem Josagno, tem Elcimar, tem Livvia Bicalho. Ah...e ainda tem o luxo de ter Aggeu Marques morando na cidade e sempre mandando ver principalmente no Alegrette.

SÃO GONÇALO

Só meu amigo Topete já é uma festa sozinho. O cara é um dínamo, toca vários instrumentos, deve ter umas 3 ou 4 bandas em gêneros diferentes e arrasa em todos. Tem as bandas Wiscky e Blues e Neanderthal e também a maravilhosa Família Rodrigues, onde imagino que até os bichos toquem algum instrumento. Dessa família tem o premiado violonista Aulus Rodrigues, um dos melhores de Minas Gerais.

CATAS ALTAS

De uma das cidades mais deliciosas da região, duas cantoras de alto nível: Camila Calais e Lili. As duas são muito boas. Lili tem a banda LiliBand, onde toca baixo e muito bem. Ela recentemente teve ótima participação no The Voice Brasil.

ALVINÓPOLIS

Bateria Colibri
Alvipa tem músicos pra todo lado. Tem Cuca, um dos artistas com melhor preparo físico que conheço e com repertório para 4 dias de música direto. Tem Maycon e THIAGO, dupla sertaneja da voz de veludo, tem ainda Gilvan Linhares, sucesso com seu boteco do Gilvan tem Marcela Moraes, tem a Banda de Rock Porão 71, que toca rock dos anos 80/90 com uma qualidade impressionante, tem OS MORCEGOS, que toca a música da jovem guarda, tem a Bateria Colibri, desfilando sua alegria e contagiando o povo com seu batuque de matar.

SÃO DOMINGOS DO PRATA

De SDP uma excelente safra. Pra começo de conversa, tem o consagrado compositor e cantor Celso Adolfo, cujas belas canções ainda continuam conquistando o mundo. Coração Brasileiro e Nós Dois são hits que já devem ter gerado uma boa grana em direitos autorais. 
Silvanna Martins
E tem também Silvanna Martins, talvez a cantora do MÉDIOPIRA que tenha mais rodado o Brasil levando à nossa arte. Silvana é operária da música, incansável e competentíssima. 

RIO PIRACICABA

Mike Santos
De Ripiracicaba vem Mike Santos, moço da voz aveludada e muito swing na mão direita. Tem também o grande Laércio Silvano, excelente cantor e violonista, além da cantora teen Clara Resende. 

VITRINES DO MEDIOPIRA

O MEDIOPIRA será sempre  uma vitrine para divulgar a boa música produzida na região.  Que em 2018 nossos agentes culturais tenham criatividade para pensar eventos capazes de celebrar essa qualidade e de colocar essa gente boa pra circular sua arte.  E podem contar com a parceria da MEDIOPIRA e com o Jornal BOM DIA.