No MEDIOPIRA da semana, proponho
uma reflexão sobre um assunto que afeta a todos, mas principalmente àqueles que
trabalham com música, no médio piracicaba ou em qualquer ponto do planeta. Há
pouco tempo atrás, um artista para se estabelecer no mercado precisava gravar
um disco de Vinil, CD, DVD, K7, MD e outros suportes físicos. Uma considerável
cadeia de produção sobrevivia a partir da venda de CDS. Os compositores
ganhavam, haviam lojas, inúmeras revistas, havia o material gráfico dos Vinis e
CDS e num repente, tudo foi pra nuvem. Muitos artistas ainda gravam no conceito
antigo, ainda sonham e se esfolam pra produzir seus CDs, um suporte já meio vintage,
que não exerce o mesmo fascínio de anos atrás. E pra agravar a situação a
maioria dos aparelhos já está vindo sem drive pra CDs, apenas com entrada UBS. Há
quem advogue que as modernas plataformas de streaming como Spotfy e Deezer são
os caminhos, pela possibilidade de difusão e monetização para os artistas. Mas
para alguém começar a ganhar dinheiro por esses recursos, tem de ser baixado
milhões de vezes. Eu acho essa desmaterialização desconcertante, não só do
áudio como do vídeo, do texto, tudo indo pra nuvem. Fomos educados num mundo
analógico, mas veio a desrupção digital e tivemos de nos adaptar na marra.Claro
que há mais ganhos que perdas na vida de todos e a gente tem até dificuldades
de imaginar o mundo sem a internet e suas possibilidades. Mas precisamos ficar
muito atentos. As revoluções são traiçoeiras. Você não antevê o enredo. Uma boa
ideia fica obsoleta rapidamente se não for lançada no tempo certo. O novo tempo
exige outro tipo de sensibilidade e trata-se de uma revolução que ainda está
longe de completar seu ciclo. Para os artistas houve uma melhora no sentido da
democratização. Qualquer um cria seu canal de tv, toca seus clips e músicas. O
problema é que as pessoas não assistem um clip inúmeras vezes. Por isso a
retenção é baixa. Mas se a pessoa gostar, pode ouvir por streaming pago ou
gratuito ou mesmo baixar..
Já as midias de massa vão continuar agindo como
sempre, só operando no popularzão do povão. Eu como tenho um pé no analógico e
outro no digital, ainda sinto falta da materialidade, do cd, do livro, do
palpável. Mas fazer o quê? Teremos de aprender a surfar nas nuvens...e esse
conteúdo todo...essa nuvem...se não é física é o que? Espiritual? Uma descomunal
egrégora, coletivo espiritual da humanidade? Viajei demais né?
NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO
PLANETA TIVEMOS ALGO TÃO GIGANTESCO...
Uma nuvem que abarca todo o globo
terrestre, que contém toda a inteligência do planeta, as enciclopédias, as ruas
de milhares de cidades, a história de cada vila, cada biboca, os rostos de
bilhões de pessoas, histórias pessoais de quase todos os seres humanos vivos, a
música popular de cada recanto do planeta, música esquimó, dos aborígenes,
orquestras inimagináveis, o cinema, as memórias, tudo na nuvem absurda,
colossal, descomunal.
E CADA UM DE NÓS CONECTADO
A nuvem é onipresente. O celular
vigia cada ser humano todo o tempo. Nossas pegadas digitais estão por todo
lado. Ao mesmo tempo, temos à nossa disposição, respostas imediatas para a
maioria das perguntas. Tutoriais até pra fritar ovo.
E OS ROBOZINHOS?
Já repararam o tanto de ligações
de robôs que a gente recebe por dia vendendo de tudo? Principalmente operadoras de celulares
oferecendo planos das picas das galáxias. Além de um cipoal de instituições de
caridade, planos de saúde, bancos, times de futebol vendendo carnêt, putas
vendendo serviços. Os robozinhos não cobram nada, ligam para centenas ao mesmo
tempo, não exigem nem férias, nem hora extra...e substituem milhares dessas
meninas de call centers.
SERÁ QUE A HUMANIDADE QUER
CONSTRUIR UM DEUS?
Se a humanidade continuar nessa
toada, daqui a um tempo construirá uma inteligência coletiva que chegará perto
da divindade através da inteligência artificial. Imaginem o poder, a
onipresença, onisciência, clarividência, tudo possível a um master computador
capaz de controlar todo o fluxo de dados do planeta e que aja a partir de uma
mediação construída da ética de todas as etnias planetárias.
FRASE DE UM AMIGO
A tecnologia tá evoluindo tanto,
que dentro de pouco tempo não precisaremos mais de gente.