sexta-feira, 15 de março de 2019

MATHEUS MACÁVIMA - HARMONIA ITABIRANA

O MEDIOPIRA DESSA SEMANA foi falar com um músico itabirano que conheci esses dias e já gostei de cara. A Sheila Malta postou um vídeo dele tocando uma música do Milton Nascimento e na hora eu falei...olha...esse menino é bom viu...é diferente...harmonia trabalhada, voz firme. Ai começamos a interagir e convidei o moço para o MEDIOPIRA O nome do rapaz é Matheus Macávima. Mas vamos a entrevista...


MEDIOPIRA - Vc nasceu em Itabira? O que vc ouvia na sua infância?

MM –Sim, nasci em Itabira, peito de aço. Como todo jovem nascido no começo dos anos 90, escutei as músicas do Skank, mas, por ter um Pai mais velho, escutei muito um bocado de MPB também, Toquinho, Vinicios, música Sertaneja da época e das mais antigas, Sambas do Martinho da Villa, pagodes do SPC, mas também Raul Seixas, Mamonas Assassinas, e as músicas que faziam sucesso na época. Escutei também meu Pai tocando violão e rádio. Não tive uma infância muito diferente da maioria dos jovens da minha geração, nesse aspecto cultural.
MEDIOPIRA - E como foi a sua iniciação na música? Com violão primeiro ou como cantor?
MM - Na verdade comecei a cantar, ainda muito criança, as músicas que eu escutava em casa, mas nada formal. Eu era uma criança muito tímida. Na adolescência me interessei mais por rock, comecei a tocar violão aos 16 anos de idade, sozinho mesmo, e fiquei sem cantar desde a pré-adolescência até os vinte e poucos anos.
MEDIOPIRA - E percebo que vc tem um cuidado especial com a harmonia, mais sofisticada e trabalhada. De onde vem essa influência?
MM- Então, sempre fui curioso. Minha tentativa de experimentar sons que soem como eu quero para cada música me faz buscar sempre tentar algo fora do senso comum. Não tenho pretensão de inventar nada novo nesse sentido harmonico, pois mesmo antes dos meus dois anos de faculdade de música já sabia que a música tonal não tem muito mais para onde ir nesse sentido, e mesmo hoje continuo compondo sem pensar muito no que estou fazendo, a linguagem formal da música, a questão teórica, é algo que ainda não domino como gostaria, e acabo usando para ver o que eu fiz depois da música já pronta.
MEDIOPIRA - Em quem vc mais se espelha?
MM -Não sou muito de adorar ídolos, já tive essa fase quando adolescente, hoje sou mais cético, admiro aspectos separados de cada pessoa, mas sei que todo mortal tem defeitos e se jogar no tribunal todo mundo vai ter crime e defeito. Mas a música do Milton Nascimento me toca muito, admiro também os mestres do violão brasileiro como Rabello e Powell, e a sagacidade bem humorada das letras do Tom Zé, as misturas muito bem feitas pelos Novos Baianos, as experimentações dos Mutantes, do Arrigo Barnabé. Mas também acho lindo o tradicional, o regional e o ancestral, como o Maracatu, os Reinados, Congados, os tambores ancestrais do Jongo, essa coisa espiritual e transcendental da música me chama atenção, apesar de eu não ser nenhum especialista em cultura popular.
MEDIOPIRA - Eu ouvi uma música sua. Parece ser autoral. A letra também é sua?
MM -Sim, imagino que a música em questão seja “Partido Único”. Sou formado em História e estou atuando como educador na “Rede Cidadã” em Itabira, mas muito antes disso sempre defendi o papel da educação como arma social e a liberdade de expressão. Projetos de lei como o “Escola sem Partido”, e os ataques que oo políticos mais conservadores e reacionários vem fazendo aos educadores, incentivando que eles sejam vigiados, censurados, proibidos de se expressar, me cheiram a um autoritarismo bem fedido e decadentes, que servem a um propósito político preconceituoso e voltado para as elites. Vejo também com maus olhos essa cultura da violência e do ódio, que a “bancada da bala” no Congresso tanto ama, e que vem se popularizando cada dia mais, onde se busca resolver o problema da violência com mais violência, e nós sabemos quem historicamente é atingido por essa violência.
MEDIOPIRA - Vc tem se apresentado muito? Tem lugar pra música do clube da esquina para as harmonias mais elaboradas? Acha que o público tem essa percepção? Consegue entender essas nuances
MM – Até dezembro do ano passado eu morava em Ouro Preto e tocava bastante, tanto sozinho quanto com minha banda, a “Libertos”. A música se tornou a minha maior fonte de renda nesse período. No entanto, hoje estou em Itabira, e aqui os espaços para esse tipo de música são reduzidos. Portanto, tenho tocado menos, principalmente num bar denominado “Barbosa”, no bairro Pará aqui em Itabira. O Público que gosta deste tipo de música naturalmente percebe essas questões, pois presta atenção. Os que não gostam simplesmente ignoram, como em qualquer gênero musical. Meu tipo de música não é tão popular quanto outros gêneros que estão no auge, e atinge um mercado de Nicho, é para esse Nicho que devo me comunicar, procurando ser coerente e autêntico. Não acredito que seja melhor ou pior que qualquer outra manifestação cultural, mas sirvo a propósitos específicos.
MEDIOPIRA - Seu instrumento é o violão. Vc também toca outros instrumentos? Tem incursões no jazz ou seu negócio é MPB mesmo?
MM - Sou mais voltado para canção. Já montei arranjos harmonizando melodias e toquei algumas peças para violão solo, principalmente enquanto estive na faculdade. A música instrumental nunca foi meu forte, mas a muitos anos gosto muito de escutar choro, Jazz e até peças para violão solo. Afrobeat e Ska também estão entre os sons que escuto, e tenho grande admiração pela improvisação instrumental que o Jazz desenvolve.
MEDIOPIRA - Itabira tem uma atmosfera cultural muito forte. Quais os artistas itabiranos vc aponta como promissores? Qual é a sua turma em Itabira?
MM – Infelizmente não é tão fácil ser artista em Itabira, e no meu tipo de música não vejo muita renovação da juventude. Posso citar a Maíra Baldaia, que atualmente está desenvolvendo seu trabalho em BH, O Rafael Formiga tem um trabalho muito bom também, tem o Vinicius Barcelos, Fernando Martins, no rock tem a turma do Postura, o pessoal da geração mais antiga como Baiandeira, Tony Primo, Genésio, Luiz Bira, Gacê, Marçal, entre outros.

MEDIOPIRA - O que vem ai? Quais são os projetos para o futuro imediato?
Estou em trabalho de composição, e pretendo lançar um EP ainda esse ano, após testar as músicas. Minha banda Libertos também está em processo de gravação, e tem um show com banda sendo montado ainda para Abril, mas sobre isso ainda vou aguardar para dar mais detalhes.
MEDIOPIRA - O que vc ainda não fez na música, mas tem vontade de fazer?
Tenho vontade de gravar um álbum inteiro com músicas minhas, participar de festivais fora de Mingas Gerais, fazer turnê nacional, dividir palco com artistas da área, muitas cosias ainda devem ser conquistadas. Mas o que eu penso mais é sempre em produzir música e fazer com que ela chegue nas pessoas.
MEDIOPIRA - Deixe os contatos para quem quiser contratar o MATHEUS MACÁVIMA.
WhatsApp: 31 9 9272 8531
Instagram: @maiamatheus91