quinta-feira, 8 de junho de 2017

RESENHA COM CARLA LISBOA - 2º FESTIVAL DE INVERNO DE JM

MEDIOPIRA -  Segundo Festival de Inverno de João Monlevade. Continua a semeança?

Carla - Com certeza. A semente desse festival foi plantada bem antes da primeira edição. Já estávamos pensando em realizar um Festival de Inverno aqui na cidade desde 2014, e sabíamos que a partir do momento em que colocássemos em prática e que essa semente começasse a germinar, a ação teria que ser contínua. O que pretendemos é fazer com que o Festival de Inverno de João Monlevade faça parte do calendário cultural da cidade e região, como já acontece com outros grandes festivais que acontecem nas cidades vizinhas.

MEDIOPIRA - No ano passado houve muitas dificuldades. Vocês conseguiram mais apoio financeiro e institucional dessa vez? Quem está com vocês?

Carla - Dificuldades sempre encontramos. Sabemos da realidade em se trabalhar com cultura não só em nossa região, mas no país. Os apoios financeiros que conseguimos para este ano foram bem inferiores em relação ao ano passado, mas o custo dessa segunda edição também será bem menor. Diante os contratempos e dificuldades que passamos no ano passado (e que rendem até hoje), resolvemos ser mais cautelosos em nossas finanças esse ano, mas sem perder a qualidade. É como sempre digo: pra se fazer cultura, não é preciso grandes fortunas. Temos a equipe do Coletivo Variável como parceiros nessa edição, e diversos apoios como Prefeitura Municipal e Casa de Cultura, ACIMON, UEMG e DA IntegrAção, DAE, Secretaria Municipal de Educação, Cervejaria Ashby, Gala Cerimonial, Sindicato dos Metalúrgicos, Rádio Alternativa e patrocínios da Festas Práticas, DNA Consultoria Ambiental, Vereadores Belmar Diniz e Gentil Bicalho.

MEDIOPIRA - Houve diálogo com as universidades instaladas no sentido de uma parceria efetiva?

Carla - Sim. Estamos negociando parceria com a UEMG e também com a UFOP para levar algumas atividades do Festival para dentro das universidades.

MEDIOPIRA - Como colaborador do Festival, tive oportunidade de conhecer vários trabalhos enviados e fiquei muito bem impressionado com a qualidade. Mas não houve inscrições da cidade. Pra você, qual a razão desse distanciamento?

Carla - Sinceramente eu não sei responder a essa pergunta. Acontece em todos os festivais que realizamos, recebemos inscrições do Brasil todo e vários artistas entram em contato diretamente comigo, reforçando o interesse em participar de nossos eventos. Acho que pelo fato da maioria (senão todos) os artistas locais levarem a arte como um “hobby” e não como um trabalho, eles não enxergam as possibilidades e oportunidades em participar de um festival, só se interessam quando tem cachês altos e olhe lá. Essa falta de interesse não acontece apenas nos festivais e eventos que realizamos. Nos festivais que acontecem na região, a participação dos artistas monlevadenses também é quase zero, porque a grande maioria não se interessa em participar. Ou têm preguiça, sei lá.

MEDIOPIRA - Depois da seleção das propostas, vem uma fase de  confirmar com os artistas pra fechar a agenda do evento. Isso foi tranquilo, todos confirmaram ou houve baixas?

Carla - Foi bem tranqüilo. Tivemos desistências por incompatibilidade com a data, pois o festival inicialmente estava agendado pro dia 24 de junho, e adiamos para 01 de julho, e duas atrações que já estavam confirmadas para o dia 24, não estavam disponíveis na nova data.

MEDIOPIRA - Onde serão as principais atividades desse ano. Já tem uma agenda?

Carla - Esse ano faremos novamente a abertura do festival na Praça do Povo, com apresentações musicais.  E o encerramento será na Praça 7 de Setembro com uma feira de gastronomia e artesanato. Nos outros dias de festival, teremos apresentações teatrais no Anfiteatro do CEJM, palestras e oficinas em espaços diversos como auditório da ACIMON e UEMG, e ainda estamos fechando parceria com outros locais para apresentação de dança, exposição de fotografias e intervenções.

MEDIOPIRA - Como está o organograma do 7 Faces para o Festival. Quantas pessoas vão trabalhar no evento?
Carla - A equipe fixa do Coletivo é pequena, mas sempre contamos com colaboradores e voluntários durante os eventos que realizamos. Para esse festival, estamos com uma média de 15 pessoas envolvidas, que, com certeza dão conta do recado.


MEDIOPIRA - A Prefeitura e a Fundação Casa de Cultura estão com vocês de forma efetiva, inclusive disponibilizando infra estrutura?

Carla - Mesmo de forma indireta, a Prefeitura e Casa de Cultura sempre foram parceiros em nossos eventos. Na primeira edição, fizemos diversas atividades no espaço da Fundação Casa de Cultura, que sempre nos recebe de portas abertas.
Este ano, a parceria com a Prefeitura Municipal e Fundação Casa de Cultura foi uma das primeiras que fechamos, e ainda arrisco dizer, que seria impossível a realização desse festival sem o apoio de ambos.

MEDIOPIRA - O que o Festival de Inverno desse ano tem como novidades? O que vc apontaria como evolução, do ano passado pra cá.

Carla - Não sei se seria uma novidade, mas acho que as parcerias e a construção coletiva são a “cereja” do festival. E esse ano tivemos o cuidado em não repetir as ações que realizamos no ano passado, como Sarau, Duelo de MC’s, etc. E sempre nos preocupamos em não agradar apenas um tipo de público. O festival é para todos, feito pra cidade.

MEDIOPIRA - O que falta pro FESTIVAL DE INVERNO de MONLEVADE ganhar os corações e mentes da cidade e se transformar num dos maiores do gênero da região?

Carla - É um festival novo, estamos engatinhando ainda. Sabemos de nossas deficiências, dificuldades que driblamos não apenas no Festival de Inverno, mas em todos os eventos que realizamos que vão desde falta de mais apoio do comércio, empresariado local e poder público, a espaços adequados para realização das ações, divulgação, etc. Mas nada é tão frustrante e nos desanima tanto quanto a falta e apoio do próprio público. Essa é nossa maior barreira.  E acredito que estamos fazendo nossa parte, temos parcerias com praticamente todos os meios de comunicação da cidade, e também da região.  Acho que o que falta é o público local abraçar mais as ações culturais, da mesma forma que abraçam e apoiam os eventos de entretenimento que acontecem na cidade.