O MEDIOPIRA de hoje conversou com um artista eclético, que
se entrega de corpo e alma em todas as produções de que participa: o polivalente
EDUARDO MOREIRA. O moço tocou comigo na banda
República dos Anjos. Ele encarnava tanto o espírito rock and roll que o palco
tremia. Na ocasião o baterista Simões o apelidou de
Eduardo Pulguinha, de tanto que saltitava. Mas o seu segredo mesmo é o entusiasmo, a entrega aos projetos. Não é atoa que vem participando de inúmeras formações, do sertanejo popular ao instrumental. Hoje integra o consagrado
projeto ORQUESTRA OPUS HARMONIA, que além do repertório clássico, faz parcerias
com artistas consagrados em apresentações memoráveis. Mas vamos à entrevista...
MEDIOPIRA - O que você ouvia na infância?
Eduardo Moreira - Não existia internet. Então ouvíamos menos quantidade de informação. Basicante vinis de música infantil. Meu pai ouvia chorinho e música instrumental, que na época eram comuns, principalmente músicas natalinas tocadas com harpa, Phil Collins, Michael Jackson, estas coisas.
MEDIOPIRA - Como foi que você percebeu que tinha talento pra música?
Eduardo Moreira - Estou na música por insistência. Não tinha um ouvido treinado mas gostava de tocar com os amigos. Isto foi a partir dos 14 anos quando fiz uma Oficina de musicalização com Tó Vilela. Foi aí que despontei a estudar com o que tinha na época. Ia de bike do bairro Santa Bárbara até Bela Vista de Minas para ter aula com Valdivino e também estudei um pouco de Tuba (Souzafone) para aprimorar em leitura musical na banda de música que na época tinha uma sede próximo a linha de trem em frente a antiga Belgo Mineira.
Eduardo Moreira - Fui direto para o contrabaixo devido a dois fatores: ninguém queria tocar contrabaixo. Era época de ouro da guitarra e meu ídolo era o baixista do Iron Maiden, o Steve Harris.
MEDIOPIRA - Você tocou em diversas bandas de rock. Conte um pouco dessa história pra gente...
Eduardo Moreira - Sou roqueiro. Toquei somente Rock por 8 anos e ainda considero um bom rock um estilo honesto e atual.
MEDIOPIRA - O que pensa sobre o rock atual? Vê renovação ou o rock envelheceu e perdeu o tesão?
Eduardo Moreira - A sociedade atual está muito ligada aos novos meios de conexão digital e passa a impressão que o que está em evidência é o que se destaca mas, fora das mídias existem excelentes compositores, bandas, músicos, escritores, poetas, artistas plásticos, em que a arte em geral e não somente o rock, é viva, bonita, instigante e emotiva.
MEDIOPIRA - Você tem um trabalho interessante também com uma banda instrumental. Como vê o mercado para o estilo?
Eduardo Moreira - Péssimo! Os grandes compositores e instrumentistas que possuem trabalhos no estilo, na maior parte das vezes possuem trabalhos paralelos para seu sustento e para manter vivo o trabalho instrumental. Mas as novas plataformas digitais permitem alcançar públicos muito além dos amigos do bairro. Em BH mesmo tem o grupo Constantina que já excursionou até para fora do país graças a este alcance. Temos o compositor e pianista Gilberto Mauro (da família do cineasta Humberto Mauro), Rafael Martini, todos ja excursionaram por terras estrangeiras.
MEDIOPIRA - Você também toca baixo acústico. Como foi a sua aproximação com a música clássica?
Orquestra com Maria Gadu |
Eduardo Moreira - Sempre ouvi música erudita também, e como estava morando em BH, ingressei no CEFAR (Palácio das Artes) onde estudei por 4 anos. Após estudei 3 semestres na UEMG mas não me formei, após estas experiências resolvi incluir o baixo acústico nos trabalhos instrumentais e de Jazz de que participo.
MEDIOPIRA - Você hoje integra um projeto interessantíssimo que junta orquestra e
artistas populares. Fale pra gente sobre o projeto.
Com Flávio Venturini |
Eduardo Moreira - Sou músico convidado da Orquestra de Câmara Ópus que se especializou também em acompanhar artistas da musica popular brasileira. Entre os nomes que ja acompanhamos estão a Fafá de Belém, Milton Nascimento, Daniela Mercury, Flávio Venturini, Ana Carolina, Nando Reis, Guilherme Arantes, Sandra de Sá, Tunai e Cláudio Venturini. Sou muito feliz por participar deste projeto.
MEDIOPIRA - Hoje em dia, o CD praticamente deixou de ser uma fonte de renda para os compositores e os suportes estão mudando a cada dia. Pra você, quais são os caminhos para a música?
Eduardo Moreira - Tocar ao vivo. As plataformas digitais devem dar retorno interessante para grandes artistas. Para nós o principal é tocar.
MEDIOPIRA - Músico ainda vive a síndrome da formiga e da cigarra? Pra você, ainda existe preconceito quanto ao ofício do músico?
Eduardo Moreira - Caso exista preconceito para alguns, paciência! O importante é a realização pessoal de cada um. Um músico deve ter a postura de qualquer outro profissional. Chegar no horário para os compromissos, cumprir com os acordos comerciais, respeitar os ambiente de trabalho.
Com Daniela Mercury |
MEDIOPIRA - Você tem um emprego paralelo que ajuda a manter as coisas no lugar. Mas lhe pergunto: Dá pra viver de música e sustentar uma família no Brasil?
Eduardo Moreira - Claro.Com muita flexibilidade e criatividade. Eu tenho um grupo para
tocar em cerimônias de casamento, "Grupo Celebrar"; toco como free lancer para
artistas de todos os gêneros: Rock, Sertanejo, MPB, estas coisas todas e ainda,
um bom instrumentista pode reservar um tempo para dar aulas.
MEDIOPIRA - O que vc aconselharia a alguém que tá montando um trabalho
musical, bandas, artistas, compositores, intérpretes pra ter sucesso na
carreira?
Com Sandra de Sá |
Eduardo Moreira - Pensar como um empreendimento, ter horários, metas, setor de vendas,
captação de recursos e principalmente divulgação digital.
MEDIOPIRA - Deixe uma mensagem e contatos para shows e interação com o
público...
Eduardo Moreira - Trabalhem por amor, com seriedade e respeito que portas se abrirão. Meu
contato telefônico é 31-99809-7970. Muito obrigado pela oportunidade e sucesso
a todos...