sexta-feira, 29 de março de 2019

DANIEL BAHIA, O MESTRE DAS CORDAS


O Mediopira dessa semana conversou com Daniel Bahia. Daniel é guitarrista, violonista, empreendedor, filósofo nas horas vagas, professor, difusor, incentivador. Vários oficios  cabem nesse camaleão monlevadense, que transborda ideias e projetos. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA - O que você ouvia em sua infância? O que tocava no rádio ou radiola da sua casa?


DANIEL BAHIA - Tenho na memória um presente que meu pai me deu, um “compacto” do Queen e do Michael Jackson (que continha duas faixas de cada lado).  Sem sombras de dúvidas foi uma influência marcante na minha trajetória pessoal, e claro artística. Essas duas referências estavam no auge – isso por volta de 1985 -, e adorava as performances de ambas, assim tal como a sonoridade expressiva. Sempre tive o ímpeto – atitude que está atrelado com curiosidade – de buscar coisas novas para ouvir. Isso de certa forma, foi fundamental para minha formação. E como todo adolescente da minha geração, o Rock Brasil foi uma influência máxima. Todas aquelas bandas como: Legião Urbana, Barão Vermelho, Cazuza, Titãs, Paralamas do Sucesso, enfim, fizeram partes da minha escuta. Teve um episódio marcante, que foi um show do Barão Vermelho – logo após quando o Cazuza sai da banda e o Frejat assumiu os vocais – que meu pai me levou para assistir. Foi ali que tudo começou. Aquele lance do rockstar me conquistou e eu segui em frente.Claro, que na minha casa tocava um pouco de tudo do “bom gosto”. Meu pai ouvia muita música brasileira, e fui assim me formando.Mais tarde, me enveredei pela música clássica e jazz, que foram sábias descobertas que até hoje considero máximas no quesito de criatividade musical.

MEDIOPIRA - E o que o influenciou a ingressar na carreira musical? Como você começou? Com um violãozinho?

DANIEL BAHIA -Lá por volta dos 13 anos, meu pai comprou um violão para minha mãe aprender. Ela fez aulas, e até começou bem, só que com o tempo desistiu. E já naquela onda de gostar muito de música, foi um pulo. Comecei minhas primeiras lições e a coisa foi ficando séria. Só para ter ideia, comecei a lecionar com 16 anos. Daí pra frente vieram muitas coisas.
 
MEDIOPIRA - E depois em sua trajetória você tocou em diversas bandas. Consegue lembrar os nomes das bandas e projetos de que participou?

DANIEL BAHIA - Minha primeira banda foi o Curto Circuito. Ensaiávamos no minúsculo porão da casa do Fábio Sartori, que era o baterista e posteriormente foi membro do Calk. Participei de inúmeras bandas. ORatTomago foi primeira que me levou para fora da cidade. Fizemos vários shows, e foi uma experiência fundamental. A banda tinha vocal feminino da Juliana Hosken e fazíamos colagens musicais. Era maior barato, inédito para uma banda de interior. Toquei guitarra na Big Band FUNCEC, que foi uma escola – onde tive contato com excelentes músicos, como o grande Maestro cubano Nestor Lombida. A carreira foi se desenvolvendo, e vieram projetos  como: Relicário (que teve duas fases, uma com João Roberto e depois com Claudinei Godoi), sou membro fundador da Dizarm, criamos o Umbigo (Rock instrumental psicodélico) , 2Jazz (jazz com pitadas de eletrônico), Stone Free (Jimi Hendrix Tribute), Só pra Variar (Tributo ao Raul Seixas), Mutantes Molhados, tive um duo de música brasileira com a clarinetista Vivian Fernandes, que foi minha colega de faculdade, além de show com diversos artistas da região. Toquei com um Hermano mui gente boa, o argentino Alejandro Yaques. Por fim, deve ter mais coisas que não me recordo. Atualmente estou pesquisando algo na área do instrumental, se Deus dará, nos próximostempos teremos coisas novas, tudo muito sem pressa.

MEDIOPIRA - Você, além de tocar uma guitarra inventiva, também é compositor de mão cheia.De que é feita a sua música? Que elementos utiliza para criar?

DANIEL BAHIA - Toco vários instrumentos de corda, mas, meu braço direito é o violão de nylon. E não é à toa que me graduei em Violão na Universidade Federal de Ouro Preto. A música brota na minha mente de forma espontânea, e tem coisas que não tem explicação, por exemplo: a gênese criatividade. Isso são coisas natas e de vivências, só que ninguém sabe de onde vem. Gosto de ficar testando harmonias (explicando para os leigos: Harmonia é a denominação para o conjunto de acordes que se entrelaçam entre si), e que quando surge um caminho interessante registro em algum lugar; pode em ser na partitura, áudio ou vídeo. Depois vem a labuta da melodia até chegar ao arranjo final. Música é uma questão espiritual. O poder da natureza é tal que, toda a arte se esforça para ser. Quanto mais podemos entrar em sintonia em harmonia com o planeta, mais a nossa arte pode se beneficiar dessa relação. A música nos atinge de uma maneira muito emocional, para mim, isso me elevou de uma forma que nada mais poderia. Só tem um tremendo poder, o fato de  fazer isso com os olhos fechados. Mas o objetivo criativo em fazer música é o mesmo como, uma tempestade ou apenas a maneira como as ondas atingem a praia, há uma perfeição que nós tentamos aproximar, que é o objetivo. Quanto mais você entende o silêncio da alma, mais equilibrado musicalmente ficamos.

MEDIOPIRA - Eu já te falei que considero o UMBIGO como um dos melhores trabalhos que ouvi, nível internacional, sem limites linguísticos. Projetos de descongelar o Umbigo?

DANIEL BAHIA -O Umbigo foi um projeto de criação coletiva, onde eu, Fábio Sartori e o André Freitas fizemos várias sessões de improvisos e surgiram os temas. Agora, quanto a volta aos shows é bem difícil. Não temos mais a disponibilidade para tais encontros.

MEDIOPIRA -  E sobre a safra musical. Tem ouvido coisas novas?

DANIEL BAHIA - Fico vendo um monte de nostálgicos dizendo que a safra musical está indo mal.Digo o contrário, tem muitas coisas novas e interessantes no mercado. Basta abrir a mente para as novidades. Estou ouvindo SnarkyPuppy, Vulpeck, Castelo Branco, entre outros sons.

MEDIOPIRA - Você acha que o gosto musical do pessoal hoje tá muito ruim ou tem espaço pra tudo?

DANIEL BAHIA - A grande questão é que hoje a música é um meio de entretenimento, e os desejos são outros. E muitas vezes baseadas em “memes”, o que torna a música comercial em algo de espécie de “música comercial de zoação”. Mas, tem mercado para todo mundo e basta você acreditar naquilo quer e que você alcançará. E a forma de distribuição é quase que imediata, provavelmente, dando chance para qualquer um que tenho uma estratégia de divulgar lançar seu produto. Querer que todo mundo escuto que a gente gosta já é demais.


MEDIOPIRA - E onde vc  busca música hoje? Em quais fontes bebe? Indica alguns caminhos pro pessoal ouvir músicas legais?

DANIEL BAHIA - Meus caminhos são exóticos. Há muito tempo estou quedado pela música indiana, mais isso não é novidade. Vários músicos já fizeram essa imersão. A dica é olhar para seu cotidiano, e sentir o que você quer ouvir e buscando onde for preciso.

MEDIOPIRA - Me fale sobre seu trabalho de educação musical. A galera continua procurando aprender guitarra ou tá numa fase mais acústica de violão e viola? 

DANIEL BAHIA - A carreira de educador é fascinante, está  atrelada com a de empreendedor e professor/educador. Estou na direção da Daniel Bahia Escola de Música, onde atua quase que em tempo integral e coordeno um projeto de educação infantil. O projeto “Sete Pedrinhas musicais” é fruto de uma parceira da Daniel Bahia Escola de Música e o Centro Educacional Pequeno Polegar, cujo a professora regente é a Vivian Fernandes. O projeto começou com o intuito de valorizar e trazer uma nova perspectiva para as aulas de música, pois sabemos o quanto é importante a inserção desta nas fases de aprendizagem.Acredito muito que o ensino da música ajuda no desenvolvimento psicológico e afetivo, além de ser um ótimo instrumento de socialização. Estamos no 4º ano de projeto, a ideia é expandir para outras cidades. 

MEDIOPIRA - A sua  DANIEL BAHIA ESCOLA DE MÚSICA é uma das mais respeitadas do Médio-Piracicaba. Qual o segredo dessa longevidade e reconhecimento?

DANIEL BAHIA - Comecei muito cedo a empreender, e isso se tornou uma paixão. Temos um legado importante no Médio Piracicaba quando se trata do segmento Escola de Música. Formamos vários alunos e professores. A disciplina é fator principalmente, e estar sempre antenado com a mudanças ésempre preponderante. Gosto muito da frase do McCoy Tyner já dizia: "Para alcançar a liberdade, antes você precisa passar pelo processo da disciplina." 

MEDIOPIRA -Você acha que a internet faz bem pra música ou diminui sua importância? A imagem não roubou o lugar do som no imaginário das pessoas? E os direitos autorais na internet? Acha justa a pirataria geral?

DANIEL BAHIA -A internet é importante para música. Olha o quão imediato é o lançamento de uma música hoje em dia? Acho fantástico, a nova métrica que são os views. Não tem aquele lance de gravadora mandando o que tem que ser feito, é tudo muito direto. Agora, tudo tem que ser usado com ponderação. Quanto aos direitos autorais, já existem critérios para o recolhimento, se o artista tem sua carreira formalizada, claro que tudo fica mais fácil para cercar contra o uso indevido. Sou a favor do livre comercio da música. 

MEDIOPIRA - Ultimamente, tem sido sensível a queda dos públicos para os eventos considerados culturais, enquanto os eventos “populares” atraem mega-multidões. Você vislumbra alguma alternativa para reverter esse quadro? 

DANIEL BAHIA - Vamos pegar uma base partindo dos grandes; olha a abertura dos festivais e shows internacionais na atualidade? A maioria tudo lotado. Volto a dizer que os tempos são outros e temos que adaptar nossacrítica sem ficar com os pés no passado. A música pode ser grande e séria, mas grandeza e seriedade não são suas características definidoras. Ela também pode ser estúpida, vulgar e insana. Os artistas têm o direito de expressar qualquer emoção, qualquer estado mental.

MEDIOPIRA - Quais os projetos que estão na mira, que vc deve colocar na roda em breve?

DANIEL BAHIA - Estou com desejo de gravar um álbum com músicas cantadas, mas, ainda não tenho nada planejado. Vai ficar para posteridade.

MEDIOPIRA - Em sua opinião, qual o futuro da música?

DANIEL BAHIA - Escrever sobre música é como dançar sobre a arquitetura. A crítica musical é certamente uma ciência curiosa e dúbia, e o jargão do futuro varia no inexpressivo. Toda forma de arte luta contra a armadilha de uma descrição verbal. E não tem futuro definido. Passamos por diversas épocas, e o fator decisivo sempre foi romper/transgredir com alguma temática do momento, seja ela, política, religiosa ou estética. Resumindo, “A melhor música é a que nos persuade de que não existe outra música no mundo” Alex Ross

MEDIOPIRA -  Deixe seus contatos para quem quiser contatá-lo, zap, face, insta, youtube e etc...

DANIEL BAHIA - Para entrar em contato: danielbahiaoficial no Instagram, Daniel Bahia no Facebook e Linkedin, e 
9 8929 6613 WhatsApp.

sexta-feira, 22 de março de 2019

ANDRÉ FREITAS, O GAROTO PRODÍGIO


ENTREVISTA COM O GUITARRISTA, BAIXISTA, BATERISTA E VIDEOMAKER MONLEVADENSE ANDRÉ FREITAS
MEDIOPIRA - O que você ouvia em sua infância? Quais os sons vc se lembra da sua infancia? Sua família ouvia muita música?
André Freitas - Quando comecei a apreciar a música, já tinha influências do meu pai e irmão em casa, que sempre ouviram músicas que considero boas até hoje. Lembro de coisas como Guns n’ Roses, Slipknot, Korn, Led Zeppelin e The Beatles. Através do meu pai, conheci outras bandas e artistas como Simon & Garfunkel, Supertramp, Bee Gees, entra outros.
MEDIOPIRA - E como foi a sua iniciação musical? Quando vc despertou e percebeu que música seria a sua vida?
André Freitas - Minha iniciação foi bacana, comecei tocando “bateria” em caixas de sapatos e gaiola (por volta dos 5 anos de idade).  Meu irmão já tinha banda nessa época, desde então, observava ele tocando guitarra e achava o som sensacional, quando ele saía, pegava a guitarra ou violão escondidos e tentava reproduzir alguma coisa.
Lembro até hoje dos dois acordes que consegui fazer sozinho, foram eles um Mi e Sol. Depois disso, pessoas me colocaram em contato com o Daniel Bahia, que foi meu professor inicial e hoje é um grande amigo.
MEDIOPIRA - Você é músico de formação, de ler partitura ou autodidata?
André Freitas - Sou músico autodidata, sempre fui uma pessoa curiosa, então aprender sozinho nunca foi um problema pra mim.
MEDIOPIRA - E qual foi o primeiro instrumento que vc tocou na vida? De onde vem essa facilidade pra tocar tantos instrumentos?
André Freitas - O primeiro instrumento real, foi o violão. O primeiro instrumento “criado por mim”, a bateria. Acredito que a facilidade venha daí, comecei em um instrumento de corda e sempre tive a percussão junto.
MEDIOPIRA - E em sua trajetória, tocou em quais bandas e projetos?
André Freitas - Nesses 16 anos de música, toquei com bastante pessoas, comecei com o Recanto dos Anjos, a partir daí, passei pela Fanzine, Karvin, Umbigo, Dizarm, Le Trolls, Beatles Forever, 2Jazz, Stone Free, Só pra Variar, Mutantes Molhados,  Concret, The Travel, ANGST 90s entre outras. Atualmente toco com o ANGST 90s e tenho meu projeto autoral que será lançado esse ano.
MEDIOPIRA - Vc também tem estúdio e produz áudio com muita qualidade. Pode citar algumas  bandas e trabalhos que vc chegou a produzir?
Com os amigos do DIZARM
André Freitas - Trabalhei com diversos artistas: Alejandro (Gaitista Argentino), Inconu (New Metal - RJ), Dé e Badé (Sertanejo raiz - São Domingos do Prata), Dizarm (Grunge/Rock - João Monlevade), entre outros.
MEDIOPIRA - Observo que além do trabalho de gravar, vc e seu irmão João Freitas, tem um trabalho muito bom como arranjadores. Vi isso com muita clareza nos trabalhos para Isa Lelis e para Marcus Kâmara. Tem muitas demandas nesse sentido ou só fizeram pros amigos?
André Freitas - Em determinado momento, existiu uma demanda sim, hoje diminuiu bastante, mas ainda faço alguns trabalhos de produção, como na Dizarm que será lançado em breve.
Com o irmão João Freitas. Reconhecimento nacional. 
MEDIOPIRA - Além de produzir audio, vc também tem produzido vídeos, seja de casamento ou também clips. Como tem sido esse trabalho? Parece que vcs até receberam um prêmio internacional por esses dias.
André Freitas - O amor pelo video veio depois de fazer videos meus para o youtube, sempre gostei de fazer videos tocando outras músicas e acabei incorporando isso. É bem legal estar por trás das câmeras também e sim, o João recebeu 2 prêmios recentemente.
MEDIOPIRA - O que vc pensa sobre o atual cenário da música? Ficou melhor ou pior depois da internet? Não acha que o clip atrapalhou a música ao dar mais ênfase a imagem, diminuindo a importância do áudio?
André Freitas - O Cenário mudou muito, hoje tudo é muito dinâmico, tem que se adaptar e saber usar disso. Acredito que a internet foi melhor pra gente, hoje tenho a oportunidade de expor meu trabalho para qualquer pessoa no mundo, coisa que era meio difícil antes. De forma alguma diminuiu a importância do audio, ainda que o video chame muita atenção, uma música mal gravada não prende o espectador. O que acontece, é que temos muitas músicas descartáveis hoje, são músicas que as pessoas perdem o interesse rápido, mas há diversas bandas fazendo trabalhos incríveis, então não me preocupo muito com isso. Mas se a gente procurar, em muita coisa boa. Hoje estou em novos horizontes, escuto muito música Eletrônica, um pouco de Fusion, jazz e muito Djent (Um estilo pouco conhecido no Brasil e relativamente novo),  Periphery, Animals as Leaders, Tesseract, Plini, Monuments e Intervals são algumas delas.
MEDIOPIRA - André, verdade que além de ser produtor, baterista, guitarrista, baixista e videomaker, vc também criou suam marca própria de pedais?
André Freitas - Criei a JME Audio, empresa de pedais handmade. Sempre fui de origem humilde, então não tinha muitas condições de ficar comprando pedais e mais pedais, daí resolvi tentar construir o primeiro e a partir disso, foi só amor à Eletrônica e construir os pedais. Hoje desenvolvo meus equipamentos do zero, são pedais que consideramos como “Handmade de Boutique”, totalmente analógicos. Sempre prezo pela qualidade dos componentes, importo tudo, fico meses criando meus circuitos e assim consigo fazer um pedal de qualidade.
MEDIOPIRA - Quais os planos para o futuro, André? O que vem por aí?
André Freitas - Bom, os planos para o futuro é levar minha marca para frente e focar no meu projeto autoral, esse que vem mesclando muitas influências desses 16 anos de música.
MEDIOPIRA - E quem quiser entrar em contato com o Multi-homem André Freitas tem de fazer o que?
André Freitas - Para entrar em contato comigo, _allfreitas no Instagram, André Freitas MG no Youtube e André Freitas no Facebook. - Zap 31 975086064
Obs - garoto prodígio é aquele sujeito que desde muito novo já demonstra inteligência e habilidades muito acima da média. 

sexta-feira, 15 de março de 2019

MATHEUS MACÁVIMA - HARMONIA ITABIRANA

O MEDIOPIRA DESSA SEMANA foi falar com um músico itabirano que conheci esses dias e já gostei de cara. A Sheila Malta postou um vídeo dele tocando uma música do Milton Nascimento e na hora eu falei...olha...esse menino é bom viu...é diferente...harmonia trabalhada, voz firme. Ai começamos a interagir e convidei o moço para o MEDIOPIRA O nome do rapaz é Matheus Macávima. Mas vamos a entrevista...


MEDIOPIRA - Vc nasceu em Itabira? O que vc ouvia na sua infância?

MM –Sim, nasci em Itabira, peito de aço. Como todo jovem nascido no começo dos anos 90, escutei as músicas do Skank, mas, por ter um Pai mais velho, escutei muito um bocado de MPB também, Toquinho, Vinicios, música Sertaneja da época e das mais antigas, Sambas do Martinho da Villa, pagodes do SPC, mas também Raul Seixas, Mamonas Assassinas, e as músicas que faziam sucesso na época. Escutei também meu Pai tocando violão e rádio. Não tive uma infância muito diferente da maioria dos jovens da minha geração, nesse aspecto cultural.
MEDIOPIRA - E como foi a sua iniciação na música? Com violão primeiro ou como cantor?
MM - Na verdade comecei a cantar, ainda muito criança, as músicas que eu escutava em casa, mas nada formal. Eu era uma criança muito tímida. Na adolescência me interessei mais por rock, comecei a tocar violão aos 16 anos de idade, sozinho mesmo, e fiquei sem cantar desde a pré-adolescência até os vinte e poucos anos.
MEDIOPIRA - E percebo que vc tem um cuidado especial com a harmonia, mais sofisticada e trabalhada. De onde vem essa influência?
MM- Então, sempre fui curioso. Minha tentativa de experimentar sons que soem como eu quero para cada música me faz buscar sempre tentar algo fora do senso comum. Não tenho pretensão de inventar nada novo nesse sentido harmonico, pois mesmo antes dos meus dois anos de faculdade de música já sabia que a música tonal não tem muito mais para onde ir nesse sentido, e mesmo hoje continuo compondo sem pensar muito no que estou fazendo, a linguagem formal da música, a questão teórica, é algo que ainda não domino como gostaria, e acabo usando para ver o que eu fiz depois da música já pronta.
MEDIOPIRA - Em quem vc mais se espelha?
MM -Não sou muito de adorar ídolos, já tive essa fase quando adolescente, hoje sou mais cético, admiro aspectos separados de cada pessoa, mas sei que todo mortal tem defeitos e se jogar no tribunal todo mundo vai ter crime e defeito. Mas a música do Milton Nascimento me toca muito, admiro também os mestres do violão brasileiro como Rabello e Powell, e a sagacidade bem humorada das letras do Tom Zé, as misturas muito bem feitas pelos Novos Baianos, as experimentações dos Mutantes, do Arrigo Barnabé. Mas também acho lindo o tradicional, o regional e o ancestral, como o Maracatu, os Reinados, Congados, os tambores ancestrais do Jongo, essa coisa espiritual e transcendental da música me chama atenção, apesar de eu não ser nenhum especialista em cultura popular.
MEDIOPIRA - Eu ouvi uma música sua. Parece ser autoral. A letra também é sua?
MM -Sim, imagino que a música em questão seja “Partido Único”. Sou formado em História e estou atuando como educador na “Rede Cidadã” em Itabira, mas muito antes disso sempre defendi o papel da educação como arma social e a liberdade de expressão. Projetos de lei como o “Escola sem Partido”, e os ataques que oo políticos mais conservadores e reacionários vem fazendo aos educadores, incentivando que eles sejam vigiados, censurados, proibidos de se expressar, me cheiram a um autoritarismo bem fedido e decadentes, que servem a um propósito político preconceituoso e voltado para as elites. Vejo também com maus olhos essa cultura da violência e do ódio, que a “bancada da bala” no Congresso tanto ama, e que vem se popularizando cada dia mais, onde se busca resolver o problema da violência com mais violência, e nós sabemos quem historicamente é atingido por essa violência.
MEDIOPIRA - Vc tem se apresentado muito? Tem lugar pra música do clube da esquina para as harmonias mais elaboradas? Acha que o público tem essa percepção? Consegue entender essas nuances
MM – Até dezembro do ano passado eu morava em Ouro Preto e tocava bastante, tanto sozinho quanto com minha banda, a “Libertos”. A música se tornou a minha maior fonte de renda nesse período. No entanto, hoje estou em Itabira, e aqui os espaços para esse tipo de música são reduzidos. Portanto, tenho tocado menos, principalmente num bar denominado “Barbosa”, no bairro Pará aqui em Itabira. O Público que gosta deste tipo de música naturalmente percebe essas questões, pois presta atenção. Os que não gostam simplesmente ignoram, como em qualquer gênero musical. Meu tipo de música não é tão popular quanto outros gêneros que estão no auge, e atinge um mercado de Nicho, é para esse Nicho que devo me comunicar, procurando ser coerente e autêntico. Não acredito que seja melhor ou pior que qualquer outra manifestação cultural, mas sirvo a propósitos específicos.
MEDIOPIRA - Seu instrumento é o violão. Vc também toca outros instrumentos? Tem incursões no jazz ou seu negócio é MPB mesmo?
MM - Sou mais voltado para canção. Já montei arranjos harmonizando melodias e toquei algumas peças para violão solo, principalmente enquanto estive na faculdade. A música instrumental nunca foi meu forte, mas a muitos anos gosto muito de escutar choro, Jazz e até peças para violão solo. Afrobeat e Ska também estão entre os sons que escuto, e tenho grande admiração pela improvisação instrumental que o Jazz desenvolve.
MEDIOPIRA - Itabira tem uma atmosfera cultural muito forte. Quais os artistas itabiranos vc aponta como promissores? Qual é a sua turma em Itabira?
MM – Infelizmente não é tão fácil ser artista em Itabira, e no meu tipo de música não vejo muita renovação da juventude. Posso citar a Maíra Baldaia, que atualmente está desenvolvendo seu trabalho em BH, O Rafael Formiga tem um trabalho muito bom também, tem o Vinicius Barcelos, Fernando Martins, no rock tem a turma do Postura, o pessoal da geração mais antiga como Baiandeira, Tony Primo, Genésio, Luiz Bira, Gacê, Marçal, entre outros.

MEDIOPIRA - O que vem ai? Quais são os projetos para o futuro imediato?
Estou em trabalho de composição, e pretendo lançar um EP ainda esse ano, após testar as músicas. Minha banda Libertos também está em processo de gravação, e tem um show com banda sendo montado ainda para Abril, mas sobre isso ainda vou aguardar para dar mais detalhes.
MEDIOPIRA - O que vc ainda não fez na música, mas tem vontade de fazer?
Tenho vontade de gravar um álbum inteiro com músicas minhas, participar de festivais fora de Mingas Gerais, fazer turnê nacional, dividir palco com artistas da área, muitas cosias ainda devem ser conquistadas. Mas o que eu penso mais é sempre em produzir música e fazer com que ela chegue nas pessoas.
MEDIOPIRA - Deixe os contatos para quem quiser contratar o MATHEUS MACÁVIMA.
WhatsApp: 31 9 9272 8531
Instagram: @maiamatheus91