Aulus Rodrigues é prova viva de que educação vem de berço. Nasceu em
São Gonçalo do Rio Abaixo em uma família extremamente musical, onde teve as
bases para se tornar um dos violonistas mais respeitados no país. Mas vamos a
entrevista.
MEDIOPIRA – Aulus Rodrigues,
como foi a sua infância musical. O que os seus pais ouviam?
Como você bem colocou na pergunta, minha infância foi musical,
extremamente! Em casa a gente ouvia uma infinidade de coisa. Música clássica,
rock internacional, música brasileira... Fui influenciado não só por meus pais,
mas por toda família. Cresci ouvindo meu avó tocar em sua flauta músicas de
Pixinguinha, Benedito Lacerda e Waldir Azevedo.
MEDIOPIRA – Como é que você
começou a tocar?
Para mim foi algo natural e inevitável. Com um ambiente familiar
extremamente musical, é praticamente impossível não tocar um instrumento. Até
os 10 anos de idade eu não havia feito nenhuma aula formalmente, mas aos seis
já tocava e cantava Raul Seixas, Titãs e Mamonas Assassinas.
MEDIOPIRA – Além do violão,
domina outros instrumentos?
Toco saxofone também, em apresentações com o Grupo Musical Família
Rodrigues.
MEDIOPIRA - Também toca música popular, cantando ou
acompanhando outros artistas ou foca apenas no violão clássico?
É
quase impossível encontrar um violonista clássico que não toque ao menos um
pouco de música popular, especialmente em um país como o Brasil, que
tem uma cultura popular tão rica. Desde o início, direcionei minha formação e
atuação profissional para a música clássica, é o que eu faço de melhor, mas
eventualmente realizo sim alguns trabalhos com música popular.
MEDIOPIRA – Qual o suporte
necessário para uma apresentação sua?
A
melhor forma de ouvir um recital de violão é sem o uso de microfones ou
quaisquer outros equipamentos de som.
Mas para isso é necessário principalmente que o teatro tenha um bom tratamento acústico.
Como nem sempre essa é a realidade, geralmente necessito apenas de microfone,
pedestal e uma cadeira.
MEDIOPIRA – Em suas
apresentações, você toca apenas música para o público especializado ou seus
shows são acessíveis para as pessoas comuns?
Eu acho, na verdade, que não existe uma música que só o chamado
público especializado é capaz de consumir e apreciar. O que acontece é que o
acesso do grande público a qualquer manifestação artística fora dos parâmetros
comerciais é completamente limitado e até mesmo desestimulado. Então o que eu
procuro é justamente atrair um público cada vez maior para a música
instrumental. Não é preciso ser nenhum especialista para entender e gostar dessa
música.
MEDIOPIRA – Qual o cenário para
o violão clássico hoje em dia? Tem demanda?
O espaço para o violão clássico no Brasil está cada vez maior. Basta
observarmos a quantidade de festivais e séries de concertos dedicadas
exclusivamente ao instrumento. Por outro lado, o número de bons violonistas
também aumenta a cada dia, o que é excelente. No final das contas, como em
qualquer estilo musical, cada violonista é que tem que conquistar o seu espaço
e criar o seu público.
MEDIOPIRA – Dá pra ganhar
dinheiro com o violão clássico?
Com certeza. Se você vê um violonista se apresentando em um palco, ele
está trabalhando e, consequentemente, recebendo cachê. Outra possibilidade de
renda é atuar como professor do instrumento em escolas de música ou mesmo em
aulas particulares. Além disso, o violão pode se tornar também porta de entrada
para outras atividades profissionais como produção musical, gestão cultural, realização
de projetos, trabalhos em estúdios, consultorias na área de música, etc.
MEDIOPIRA – Para você, qual foi
o ponto alto de sua carreira até agora?
Gostaria de destacar dois. O primeiro foi quando me apresentei pela
primeira vez como solista de uma orquestra. Foi com a Orquestra Sinfônica de
Minas Gerais, no Grande Teatro do Palácio das Artes, sob a regência do maestro
Roberto Tibiriçá.
Outro momento marcante foi a apresentação que fiz no Theatro Municipal
de São Paulo, no concerto em comemoração aos 35 anos da Rádio Cultura FM. O
concerto foi transmitido ao vivo pela rádio, teve cobertura da TV Cultura e o
teatro ficou completamente lotado. Inesquecível!
MEDIOPIRA – Em quais lugares
houve mais receptividade para a sua música?
Vez ou outra a gente percebe que o público está mais atento, com
aplausos mais intensos, mas não saberia indicar especificamente os lugares onde
isso aconteceu.
MEDIOPIRA – Você também é
compositor ou só intérprete?
De vez em quando brinco de compor, mas fica tudo na gaveta.
MEDIOPIRA – Gosta de outros
gêneros musicais?
Ouço bastante rock e mpb, mas não fico muito preso a gêneros não, se a
música me agrada entra na minha playlist. Pode ser Beethoven, Caetano ou
Metallica.
MEDIOPIRA – Você continua
residindo em São Gonçalo. Qual é a sua relação com a cidade hoje. As pessoas
reconhecem o seu valor? Ficou famoso na cidade?
Por se tratar de uma cidade muito musical, me sinto realizado por ter
voltado a residir em São Gonçalo após o término dos meus estudos. Hoje eu sinto
que minha maior missão é contribuir para o desenvolvimento artístico da cidade,
realizando projetos, promovendo eventos, compartilhando conhecimentos e
colaborando com os jovens músicos.
Quanto ao reconhecimento, São Gonçalo é super receptiva nesse aspecto.
Tanto o
poder público quanto a sociedade reconhecem o valor de todos os artistas da
cidade.
MEDIOPIRA – Quais os projetos
vem desenvolvendo e quais os sonhos para o futuro?
Junto à prefeitura eu coordeno a Escola de Música de São Gonçalo.
Neste projeto atendemos mais de 280 pessoas, com aulas de diversos instrumentos
e canto coral. Estou bastante envolvido também com o trabalho do Grupo Musical
Família Rodrigues, que nos últimos anos tem focado no mercado de música para
casamento.
Para o futuro desejo gravar o meu CD. Vamos ver se sai em 2017...
MEDIOPIRA – O que aconselha
para quem quer se aprofundar no violão clássico?
Procurar um professor. Não existe atalho, tem que se dedicar e sempre buscar
fazer o melhor.
MEDIOPIRA – Você é crítico ao
atual momento da música ou acha que tem espaço para todos?
Quem produz uma boa música e trabalha com profissionalismo sempre terá
boas chances de conseguir algum espaço, mas a batalha é desigual. A grande
mídia só promove artistas e músicas que se enquadram num certo padrão por eles
estabelecidos, se sua música não se encaixa neste padrão, as coisas ficam mais
difíceis. Como consequência, os contratantes gastam milhões com artistas que
nada trazem de novo e o que sobrar (se sobrar) fica para quem corre por fora. E
o povo acaba ficando sem escolha, pois nada diferente lhe é oferecido.
MEDIOPIRA – Quem quiser
contratar uma apresentação do Aulus Rodrigues deverá entrar em contato com
quem? O custo é alto?
Para me contratar é só falar diretamente comigo. Em meu
site tem os contatos. Quanto aos valores isso é negociado, mas garanto que é
bem tranquilo, principalmente por demandar pouca estrutura.
MEDIOPIRA – Quem quiser se
aprofundar no trabalho do Aulus Rodrigues pode acessar através de quais
endereços virtuais?
www.aulusrodrigues.com
facebok.com/rodriguesaulus
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