Filipe Mendes também conhecido por Phil Mendrix celebrou no ano
passado seus 69 anos de vida e 54 anos de carreira. Na palavra dos patrícios,
trata-se " do mais virtuoso, psicodélico e caleidoscópico guitarrista
português, uma autêntica lenda viva do rock'n'roll. Pois ele esteve no Brasil
durante um tempo, viajando e tocando em festivais de música. E fez uma legião
de amigos e tocou em Rio Piracicaba num festival histórico: o Rock Pira. Mas
vamos à entrevista
MEDIOPIRA - Phil Mendes. É um prazer conversar com você. Sua
presença no Rock Pira foi muito marcante.
PHIL MENDES. É mesmo? A gente como artistas nunca tem a
dimensão da marca do som que a gente faz. Foi muito legal mesmo. Acho que o
pessoal gostou por que na época não tava muito na moda guitarristas que solavam
e eu gosto de improvisar.
MEDIOPIRA - O que você se lembra da época?
PHIL MENDES - Me
lembro do primeiro que foi muito no improviso, o que foi legal, numa quadra de colégio,
a noite. Já o segundo, me apresentei de tardinha, no pôr do sol, fizeram o
palco em cima de um forno antigo, ao lado de uma grande chaminé e com o rio ao
fundo. O visual era muito bonito. O público era quente. Havia outras bandas
boas também, cantando em português. Foi um festival muito bom aquele.
MEDIOPIRA -Você em Portugal é quase um mito.
PHIL MENDES - O pessoal lá tem um carinho muito especial com
a minha pessoa e sou muito grato a isso.
MEDIOPIRA - Mas conte pra gente como foi essa história. Como
foi seu contato com a guitarra?
PHIL MENDES - Bem, eu comecei na música
estudando piano. Mas quando fiz 14 anos meu avô me deu uma viola de presente e
comecei a aprender e a tocar. Eu fiz um curso importante também no Chicago
School of Music que abriu minha cabeça. Daí passei pra guitarra elétrica, que
virou quase uma extensão do meu corpo. Nunca mais nos separamos.
MEDIOPIRA - Mas você depois formou bandas? Como
foi?
PHIL MENDES - Eu tive uma trajetória muito
rica. Minha primeira oportunidade foi em 1964 quanto estreei na Tv, no Festival
YeYe. Ai criamos a banda Chinchilas, com Vítor Mamede, José Machado, Mário Piçarra e Fernando. Foi muito
marcante por que fomos pioneiros no rock psicodélico português. O curioso é que
a banda inicialmente se chamava "Monstros".
MEDIOPIRA - E como surgiu o nome Phil Mendrix como é conhecido em
Portugal?
Phil Mendes - É por que achavam que nosso trabalho era
influenciado pela música dos Cream e de Jimi Hendrix. Isso foi tão forte que
começaram a me chamar de Jimi Hendrix Português. E já que comercialmente era
interessante, acabei por adotar. Isso
devido aos improvisos nos solos de guitarra, que também eram a marca do grande
Jimi Hendrix. Eu acabava tendo de tocar músicas dele nos shows, pois o pessoal
pedia. E pra mim era uma honra tocá-las.
MEDIOPIRA - Mas vc só tocou no Chinchilas ou participou de outros
trabalhos?
Phil
Mendes - São décadas de trabalhos. O Chinchilas se dissolveu em 1971, mas
continuei como Mendrix e emprestei o meu som a alguns projetos que
ficaram na história do rock em Portugal. Também tive minhas incursões no cinema
e em outras artes. E Tive a oportunidade também de tocar em diversos festivais,
inclusive no Rock Pira aí na região de vcs.
MEDIOPIRA - E o que vc se lembra do Brasil?
PHIL MENDES - Me lembro de músicos talentosos, generosos e
afetuosos. Eu cheguei a morar no Brasil, em Belo Horizonte e em São Paulo. Era
muito intenso. O público viajava comigo na mesma vibe. E foi importante para
compreender o legado português no continente sulamericano. Fiquei feliz em ver
a mistura pacífica das etnias e a incrível musicalidade.
MEDIOPIRA - Se tivesse um outro Rock Pira você toparia tocar?
PHIL MENDES - Isso é um convite? Mas é claro que sim. Gostaria
muito de um motivo para voltar ao Brasil. Seria uma grande honra. Vai ser
quando?
MEDIOPIRA - Só especulando, Phill. Quem sabe a gente não viabiliza?
PHIL MENDES - Espero que
sim. Festivais como o Rock Pira são vitrines vitais para a música rock. Vou
torcer para que consigam e podem contar comigo que estarei presente...
MEDIOPIRA - E você acha que o público está perdendo o interesse
pelo rock?
PHIL MENDES - Eu acho que tudo é cíclico. As vezes um estilo se
exaure. mas também pode se renovar. Parece que o Rock de hoje por exemplo não
tem lugar pra longos improvisos de guitarra...é tudo muito urgente. Mas ainda
tem quem goste. Então não vou me preocupar em agradar à nova geração. Vou fazer
música para meu deleite e do público.
MEDIOPIRA - Obrigado, Phill. Agradecemos muitíssimo pela sua obra
e por nos agraciar com a sua música abençoada.
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