Uma banda que faz músicas próprias sempre teve dificuldades para agendar apresentações. Os donos das casas de shows preferem as bandas covers, que tocam as músicas das paradas de sucesso, aquelas que o povo tá pedindo. Na verdade isso não é novo. Os caras são empresários e montam as casas pra faturar.
AUTORAIS SEM PATROCÍNIOS
Não é fácil convencer um
empresário a investir em músicas autorais. Eles preferem investir
em eventos que “bombem”, com público enorme, para que suas marcas sejam relacionadas com o sucesso.
FESTIVAIS AUTORAIS ? TÔ FORA!
O povo prestigia os shows dos
famosos e os covers das bandas e duplas conhecidas. Os festivais autorais
atraem músicos e artistas que ainda acreditam na fórmula, que veem nos
festivais espaços de fruição, que estão interessados nas novidades sonoras. E
atrai também a tribo ligada à arte e cultura, que não é numerosa hoje em dia. Em
tempos de velocidade e self service de tudo, parece não existir espaço para curiosidade intelectual e nem paciência pra ouvir
músicas desconhecidas e muito menos disposição pra conhecer.
Parece que as pessoas tem tudo
tão à mão que começam a sentir preguiça com as novidades. Ainda mais quando se
tem um acervo enorme de todos os cantores e bandas inimagináveis, dos anos
50,60,70,80,90 e por aí vai. São muitas memórias musicais acumuladas
durante a vida e mesmo as não vivenciadas estão acessíveis a um toque no
google. Pra que mais músicas?
COVER É ARTESANATO
Na verdade os covers não são
originais, mas tentativas de soar como os originais. Aliás, há um prazer do
público e dos músicos dessa modalidade. Do público que gosta quando uma banda
toca igualzinho sua banda favorita. E das bandas também por tentarem fazer igual.E
tem bandas que costumam até se sentir maiores do que os originais.
ANÔNIMOS ILUSTRES
Banda Estorvo de Alvinópolis |
Eu tava aqui pensando quantas
canções maravilhosas que não chegaram ao grande público. Só nos festivais de
música foram trocentas e tantas. Ai fiquei pensando na galera que está na ativa
hoje. De Itabira lembrei de Maíra Baldaia, Rivotrio, Marçal,Igor Venal, Cotonete,
entre outros. De Monlevade, o Umbigo Trio, a banda Dezarm, o pessoal do
Souldusamba, Guilherme Calk, Isa Lelis, João e André Freitas, Markus Kâmara, Rômulo Rás, João
Roberto e Ronivaldo. De São Gonçalo tem o Tupete, grande compositor, músico e
luthier e o exímio violonista Aulus Rodrigues. De Alvinópolis tem trabalhos
novos muito bons, como da banda Estorvo e Thayson Azevedo. Mas e aí? São todos
artistas muito bons, conhecidos em seus microuniversos, mas anônimos em termos
de conhecimento do grande público. O que fazer com esse talento todo? Como
fruir esse material lindíssimo?
A INTERNET NOS LIBERTARÁ
Será? É verdade que pela internet
qualquer artista consegue montar um canal no youtube, produzir seus próprios
vídeos, se bobear até seu programa de TV, como fez o músico Cotonete de
Itabira. Mas os artistas não vem conseguindo grande alcance. Poucos conseguem
realmente ficar populares no país inteiro através da internet. A não ser que tenham uma ideia extravagante,
um nome diferente (a Banda mais bonita da cidade foi um case), quem sabe um
escândalo, um vocalista extraterrestre, algo que provoque a curiosidade do
público. Resumo da ópera: se o artista quiser ser popular e vender shows no
Brasil inteiro, vai continuar tendo de encontrar maneiras de romper a barreira das
velhas mídias de massa.
TREM BALA: UM CASE EXEMPLAR
Há algum tempo recebi pelo
celular um single de uma cantora chamada Ana Vilela. Ela enviou a música e
pediu a opinião da gente e tudo. Achei simpático. Na época achei a música
bonitinha e até mandei comentário pra ela dizendo que tinha gostado bastante da
letra. Alguns meses depois a música estourou e foi parar na Globo,
principalmente depois que Gisele Bundchen
gravou um vídeo tocando e cantando ao violão.
Em primeiro lugar trabalhar
para que as suas principais músicas sejam ouvidas pelo público alvo pela internet. E isso, acreditem, é trabalhoso. Engajamento pela rede não é tarefa fácil. Depois, dobrar os donos de casas noturnas e eventos, convencendo que
seu show autoral agrada. E finalmente causar com seu show, surpreender,
arrebatar, emocionar, ser profissional ao extremo. Vc pode produzir seu CD
também, mas hoje não é o mais importante. Tem pouca gente ganhando dinheiro com
CD. Mas pode ser um excelente cartão de visitas. Vc deve continuar produzindo
bons conteúdos, divulgando, fazendo shows, mostrando a cara e procurando
maneiras de colocar seu bloco na rua, sua fruta na feira, seu produto nas
melhores vitrines.
A vida não tá fácil para os
autores, mas por ironia, todo mundo virou autor. Qualquer um pode publicar, pode
ter seu blog, seu site, seu canal no youtube, suas músicas no spotfy, no face,
enfim. O maior desafio é conseguir reputação, autoridade e demanda. Isso vale
pra tudo...
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