1) -
Por que Djambê? Qual o significado?
Djambê
é um tambor africano, que além de ter um timbre muito abrangente (de um grave
muito “pesado” até um agudo “estalado”) em algumas tribos na África é sagrado,
e é assim que enxergamos a música: sagrada, onde a gente tem que ter muita
responsabilidade com o que cantamos (pois se temos o privilégio de cantarmos
num microfone, onde mais pessoas vão nos ouvir, temos a responsabilidade de
dizer coisas relevantes) e abrangente, que aborde todas as lutas, toda a
diversidade que temos e somos.
2) –
Como é que vocês se conheceram?
A
banda já teve diversas formações, eu fui o único que restou da formação
original, de 12 anos atrás. Começou num grupo de capoeira, nos encontros que
fazíamos na Serra do Cipó, trocando composições e ideias, daí veio a vontade de
montar uma banda!
3) –
Já vi vocês definindo o som de vocês como ROCK MACUMBA. O que vocês misturam no
caldeirão do Djambê?
A
gente tinha dificuldade em rotular o som, de colocar numa gaveta, por isso
inventamos o Rock Macumba. Tem um pouco de tudo na verdade! Tem o power trio e
o protesto do rock, tem a percussão as levadas e a celebração do maracatu,
congado, candombe, baião, capoeira... Rock Macumba é celebração de consciência.
4) –
Como é o processo criativo do Djambê? Quem compõe? Qual é a formação oficial da
banda?
As músicas que cantamos hoje são algumas
minhas e outras da Pri. As letras, normalmente, são questionamentos e
aprendizados que estamos vivendo/buscando na época, que buscamos externalizar
pra tentar nos entender, nos desconstruir, e estimular as pessoas a se entenderem
também e somar positivamente com tudo que nos rodeia. Depois que temos essa
letra/canção, trazemos pro coletivo para fazermos um arranjo pensado por todos.
Hoje estamos eu (Emílio Dragão - voz),
Priscilla Glenda (voz e sampler), Maýra Motta (percussão), Júnior Caban (baixo),
Alex Bartelega (bateria) e Victor Millard (guitarra). Inclusive a história do
Victor é bem legal, ele era fã do Djambê, ia em praticamente todos os nossos
shows, aí um dia, ele me mandou uma mensagem falando que tocava guitarra... se
um dia a gente precisasse... foi exatamente um dia depois da nossa
ex-guitarrista (Letícia Damaris), falar que não poderia mais tocar conosco.
Então fizemos o teste com ele e rolou demais!
5) –
Já conheço vocês dos festivais. Já vi vocês cantando temas filosóficos, espirituais,
políticos. O que o Djambê quer gritar pro mundo?
Acho o que a gente quer gritar é que cada
um importa, sabe?! Cada pessoa! Cada um de nós tem um papel fundamental pro
mundo ser um lugar melhor, de paz, ou o inverso. E pra isso precisamos reconhecer quem somos
na essência e o que nos foi imposto culturalmente e romper com isso. Acho que é
a busca pela revolução interna mesmo, deixar práticas que fazem mal para nós
(vícios, etc) e para os outros (racismo, sexíssimo, homofobia, especismo...).
Você importa! Revolucione-se!
6) –
Vocês tem participado de muitos eventos e conquistando prêmios importantes. O
que isso representou na carreira de vocês.
O mais legal de participar desses festivais
na verdade são as pessoas que a gente encontra no caminho, as amizades que
fazemos. Isso é o que mais acrescenta. Logicamente que os prêmios nos ajudaram
a gravar nossos 2 discos, pagar ensaios, chancelar tecnicamente o trabalho,
essas coisas. Mas o mais importante mesmo são as pessoas.
7) –
Já vi gente falando que é uma maravilha, mas já vi gente também dizendo que
força o músico a só sobreviver de shows, pois praticamente mata os direitos
autorais. – Como vocês lidam com a internet? Ajuda ou atrapalha?
Internet é cabulosa! Leva o trabalho a
lugares que a gente nem imagina... outro dia um amigo tava em Nova Iorque, num
bar e tocou nossa música. Imediatamente ele postou no facebook dele. A gente
não tem noção da abrangência. Acho que estamos trabalhando bem na rede. Na
minha visão, quem ganha com direitos autorais mesmo são os grandes, tem que ter
muuuuita gente consumindo sua música pro direito autoral fazer diferença
financeira. A internet amplifica nosso alcance, ajuda na formação da base de
fãs que vai sustentar o projeto no futuro, mas temos que ter noção do onde
estamos, quais passos devem ser dados, e que nada “cai no colo”.
8) -
Como vocês analisam o atual momento do mercado musical?
O mercado da música é igual a outros
mercados. Tem que dedicar pra conseguir seguir, sem mudar a essência pra
conseguir chegar mais longe (logicamente), mas tratar como um trabalho mesmo. A
tempos atrás eu ouvi de um senhor - “a música te dá o que você dá pra música.”,
e desde então me pautei por aí. A gente, além de ensaiar 3 vezes por semana, abriu
uma produtora pra poder gerenciar o Djambê que se chama DiGrila. Dirigida por
nós mesmo. A Pri é formada em Publicidade, então ela cuida da parte de
comunicação e assessoria de imprensa, eu fico com a parte mais artística e
técnica, meus irmãos, Gabriel e Ananda, ficam com a parte operacional e de
vendas. Trabalhamos todos os dias da semana, 6 horas por dia pra isso
acontecer, é uma pequena empresa.
9) –
Vocês vivem de música ou desenvolvem trabalhos paralelos em outras áreas?
Ainda temos trabalhos paralelos ao Djambê
para sobreviver financeiramente, mas todos optamos por trabalhos que não sejam
“fichados”, para termos o horário flexível para podermos viajar e dedicar mais.
Uns tocam em bares com projetos de música cover, uns dão aula de música, outros
fazem serviços de fotografia, de reforma (pedreiro, instalações, etc).
10)
– Vocês gravaram um clip muito bacana com a
música QUANTO VALE, falando da tragédia de Mariana. Uma curiosidade: o que era
aquela lama do clip? Chocolate? Rs...
Era lama mesmo, pois queríamos que fosse
realista na sensação de asco, como naquela cena com o macarrão.
11)
– Quais os planos para o futuro imediato?
Nós acabamos de lançar um EP pela Sony
Music, que se chama “Trovão”. Tem 2 músicas inéditas “Bucado de amor” e “Falha
no sistema” e está disponível nas plataformas digitais: Deezer, Spotify, ITunes
e AplleMusic. Estamos com um projeto pra gravar o clipe da música “Trovão”,
lançaremos em breve um mini doc da nossa turnê nordeste (do fim do ano
passado), e esse mês e mês que vem
tocamos respectivamente com Criolo em Fama/MG e com Suricato e Paralamas do
Sucesso no Rio de Janeiro/RJ (e a gente tá bem feliz com isso! Rs...)
12)
– E
o que a galera do 1º Festival de Inverno de João Monlevade pode esperar
do show do Djambê?
Podem esperar nosso suor e nossa alma ali,
exprimidos em forma de música. Muito rock, muita macumba e muito
questionamento!
13)
– Deixem os contatos de vocês, face,
youtube, soundclouds, palcomp3, etc, etc, etc
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